São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 1997
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Rigor na disciplina marca curso da PM

DA REPORTAGEM LOCAL

A principal crítica aos cursos de formação da PM é o excesso de disciplina militar a que o futuro policial é submetido. Os cursos, no entanto, estão mais profissionais e matérias como direitos dos cidadãos e polícia comunitária foram incluídas no currículo.
Em comparação com a Polícia Civil, os PMs saem da academia mais preparados para o exercício da profissão. Por meio de dramatizações, treinam como identificar uma pessoa suspeita e a melhor forma de abordá-la, por exemplo.
Ainda se ensina, porém, que o policial pode reagir com mais energia se o cidadão considerado suspeito não adotar uma postura absolutamente passiva. "Ninguém gosta de bater em cachorro morto. Mas, se o cachorro ameaça morder, é preciso se defender", diz o coronel Wanderley Silva, 50, comandante da Academia de Polícia Militar Barro Branco.
A seleção para vagas de soldado é feita por concurso público, com exigência de segundo grau completo. O curso, ministrado no Centro de Formação de Soldados, dura oito meses (período integral).
Os futuros PMs aprendem noções de direito, língua portuguesa, relações públicas, educação moral e cívica, história da PM, ética policial militar e legislações internas.
Também recebem treinamento básico de bombeiro, pronto-socorro, trânsito, polícia de choque, comunitária e ambiental. Fazem aulas de condicionamento físico, defesa pessoal e tiro.
Um ponto polêmico do currículo é o treinamento de ordem unida, no qual os alunos marcham juntos armados de fuzis. Criticado por ser um exercício das Forças Armadas, é mantido "porque reforça a disciplina", diz o coronel Silva. Outros exercícios militares, como sobrevivência na selva, foram abolidos.
Também há o curso para oficial (acima de segundo-tenente), de nível superior e duração de quatro anos. A seleção é feita por meio de vestibular da Fuvest, com média de 20 candidatos por vaga (200).
No caso dos oficiais, professores civis foram contratados para dar aulas. Direitos humanos, por exemplo, é ensinado por um procurador do Estado. As escolas são bem equipadas, com circuito de TV integrando as salas e computadores novos.
Ao contrário da Polícia Civil, todos as regras de conduta do aluno e do policial estão publicadas em manuais. Há gafes -"Falar mal de determinada raça, religião ou país em presença de pessoas que a ela pertençam, professam ou descendam é pura falta de educação"-, mas pelo menos as regras estão acessíveis a todos.

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