São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 1997 |
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Papa entra na luta contra o aborto no Brasil
LUIS HENRIQUE AMARAL
A abordagem do tema já estava programada antes que começasse a polêmica sobre o projeto de lei no Congresso. Na página do Vaticano da Internet (a rede mundial de computadores), vários textos do Pontifício Conselho para a Família tratam do assunto. É esse conselho que fornece os fundamentos religiosos para o 2º Encontro Mundial do Papa com as Famílias. Segundo d. Karl Romer, coordenador do Congresso Teológico que acontecerá paralelo à visita do papa, a igreja não usará as falas do papa contra o aborto para "fazer política". "A igreja vai aproveitar justamente no sentido evangelizador, será fundamentalmente evangélica, para a formação da consciência sobre o assunto", disse. Para o bispo Romer, o papa deverá priorizar em seus discursos "a vida e o amor". "No mundo moderno é difícil alguém falar sobre a vida e o amor sem se preocupar também com o aborto", disse. Questionado se o papa foi informado da discussão sobre o aborto no Congresso, d. Romer afirmou que "é provável que ele esteja bem informado. Ele sempre surpreende sobre o grau de conhecimento da realidade dos países que visita e se preocupa profundamente com o Brasil. Ele não vem como turista". Em sua visita à França, na semana passada, o papa João Paulo 2º causou polêmica ao visitar o túmulo do geneticista Jérôme Lejune, líder do movimento contra o aborto no país. CNBB Ontem, começou em Brasília a reunião da Comissão Episcopal de Pastoral, órgão máximo da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). Os bispos, coordenados pelo presidente da entidade, d. Lucas Moreira Neves, estão discutindo a divulgação de um documento oficial da entidade criticando o projeto de lei sobre o aborto. Aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara na última quarta-feira, o projeto permite que médicos se recusem a realizar o aborto. Mas os hospitais credenciados pelo SUS (Sistema Único de Saúde) continuariam obrigados a fazê-lo no prazo máximo de sete dias. Para tornar-se lei, o projeto, de autoria dos petistas Eduardo Jorge (SP) e Sandra Starling (MG), precisa ser aprovado pelo plenário da Câmara e pelo Senado. Texto Anterior: Folha debate combate à violência na quinta Próximo Texto: Unicamp 'libera' médicos para abortos Índice |
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