São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 1997
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Amotinados mantêm 59 como reféns em prisão no interior

WAGNER OLIVEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MIRANDÓPOLIS

Os 270 presos da penitenciária de Mirandópolis (605 km de SP) mantinham até as 21h de ontem 59 pessoas no pátio do pavilhão três, após mais de 24 horas de rebelião.
A direção da cadeia não informou qual o motivo do motim. Segundo soldados da Polícia Militar, os presos querem transferência para presídios mais próximos de onde moram suas famílias.
No início da noite de ontem, os presos soltaram uma mulher que estava passando mal e foi levada para o pronto-socorro, sendo liberada em seguida.
As 59 pessoas retidas -39 mulheres, 17 crianças e três homens- são parentes de presos que estavam na cadeia anteontem no horário de visitas.
Por volta das 16h de domingo, um grupo de presos conseguiu dominar o pátio, ameaçando os agentes penitenciários e impedindo a saída das visitas.
As 59 pessoas, segundo agentes penitenciários, estão sendo bem tratadas. O diretor da cadeia, Maurício de Freitas, não deu informações sobre o que ocorre dentro do presídio.
O juiz-corregedor Warner Hugo Albernaz esteve ontem no presídio para tentar um acordo com os presos. Ele saiu sem dizer se havia conseguido negociar.
Cerca de cem soldados da PM estão dentro do presídio, ao redor do pavilhão três, aguardando uma ordem da Justiça para invadir.
Segundo carcereiros que não quiseram se identificar, três agentes penitenciários foram feridos na semana passada por presos com golpes de estiletes.
Os presos teriam prometido matar os agentes que pediram a transferência de três detentos considerados líderes do pavilhão três.
Agentes penitenciários que trabalham no portão principal do presídio disseram que os presos pediam a presença de jornalistas, mas a direção da cadeia impede o acesso. No portão principal, não há grande movimentação de carros. Ontem, funcionários que trabalham na cadeia trocaram normalmente de turno, às 17h.
Há poucos parentes do lado de fora da cadeia aguardando informações sobre a rebelião.
A dona-de-casa Fátima de Carmo Cruz estava exasperada ontem com a falta de informações. Os dois filhos dela, Fabiano, 17, e Maria Aparecida, 14, foram impedidos de sair pelos detentos. Eles visitavam um tio preso, no domingo, quando iniciou o motim.

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