São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 1997
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Presos fazem protesto por Luz Vermelha

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Um grupo de presos da Penitenciária do Estado, no Complexo Penitenciário do Carandiru (zona norte de São Paulo), entrou em greve de fome ontem em protesto contra a morosidade da concessão de benefícios pela Justiça.
Eles alegaram que o Poder Judiciário foi rápido para manter preso João Acácio Pereira da Costa, 55, o "Bandido da Luz Vermelha", mas que ele é lento para atendê-los.
Os presos afirmaram que vários deles já têm o benefício de cumprir pena em regime semi-aberto -trabalhar de dia e retornar à cadeia de noite. Na penitenciária, a pena é cumprida em regime fechado, o que não permite saídas.
Durante a manhã, a Secretaria da Administração Penitenciária informou que estariam participando do protesto 1.000 dos 2.150 detentos da penitenciária.
No final da tarde, a secretaria anunciou que a greve de fome estava restrita a um grupo de 20 presos, mas não informou se eles mantiveram o protesto no jantar.
Os detentos fizeram uma carta em solidariedade ao "Bandido da Luz Vermelha" e a entregaram à direção da penitenciária. Também pediram a presença do juiz-corregedor dos presídios. No fim da tarde, todos voltaram às celas. Hoje, o juiz deverá visitar a penitenciária, a segunda maior do Estado.
Café da manhã
O protesto começou às 8h30, após os presos tomarem o café da manhã e saírem para o pátio do pavilhão 2 da penitenciária. Às 9h, a PM recebeu um pedido da penitenciária para que a tropa da muralha do presídio fosse reforçada.
O diretor da prisão, Aniceto Lopes, negociou com os presos. Segundo a secretaria, os detentos estavam também receosos de que a decisão da Justiça contra Costa pudesse afetá-los no futuro.
Costa, o Luz Vermelha, estava na Penitenciária do Estado até o último sábado, quando foi para o Centro de Readaptação Penitenciária, em Taubaté (SP).
Ele devia ter sido solto naquele dia por ter cumprido 30 anos de pena -segundo a lei, ninguém pode ficar preso por mais de 30 anos consecutivos-, mas a promotoria conseguiu suspender sua libertação. Entrou com um recurso para transformar sua condenação em internação compulsória num manicômio judiciário.
(MG)

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