São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 1997
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Metalúrgico pode ficar sem adiantamento

SÉRGIO LÍRIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Empresários dos setores de máquinas e eletroeletrônicos, que formam o grupo 19-8 da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), querem alterar a cláusula do acordo coletivo dos metalúrgicos que trata do adiantamento quinzenal.
A proposta é acabar com a obrigatoriedade do adiantamento, garantido no acordo. Seria redigido um novo parágrafo na cláusula permitindo que as empresas negociassem diretamente com os sindicatos a manutenção do adiantamento ou o pagamento dos salários em um único dia.
O grupo 19-8 já apresentou a idéia aos metalúrgicos da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e deve levar a mesma proposta à Força Sindical.
A medida atingiria cerca de 500 mil metalúrgicos no Estado, que têm data-base em 1º de novembro.
O negociador do grupo 19-8, Ariovaldo Lunardi, disse que a intenção não é acabar com o adiantamento, mas dar mais fôlego a empresas com problemas de fluxo de caixa.
"As empresas estão acostumadas com o vale e a maioria dos trabalhadores quer sua manutenção. Alterar a cláusula não acabaria com o sistema", disse Lunardi.
Os metalúrgicos temem que abrir exceção para algumas empresas poderia levar, com o tempo, ao fim do adiantamento quinzenal. A concessão de vales para os metalúrgicos é uma prática que existe há mais de 30 anos.
O presidente da FEM-CUT (Federação Estadual dos Metalúrgicos ligados à CUT), que representa cerca de 300 mil trabalhadores, disse que não abrirá mão de nenhuma cláusula social nas negociações salariais de novembro.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, acha difícil a retirada da cláusula. "É mais fácil tirar a mulher que o vale de um metalúrgico. Nem a ditadura fez isso", disse.

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