São Paulo, sexta-feira, 29 de agosto de 1997
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Tarso Genro descarta participar de prévia

CARLOS EDUARDO ALVES
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Tarso Genro, o petista mais cotado para candidatar-se à Presidência da República em 98 caso Luiz Inácio Lula da Silva não queira concorrer, descartou ontem a possibilidade de participar de uma prévia para escolher o nome do PT que vai tentar chegar ao Planalto.
"Sou uma solução, não um problema", afirmou o ex-prefeito de Porto Alegre ao chegar ao Rio para participar da convenção nacional do PT, que começa hoje.
A prévia é defendida pela "esquerda" do PT e também pelo governador do Distrito Federal, Cristovam Buarque, se Lula resistir às pressões de correligionários para enfrentar o presidente Fernando Henrique Cardoso.
Genro insistiu em que, se Lula não anunciar agora que está fora do páreo presidencial, mesmo assim se tornará de fato o candidato do partido. "Se persistir a ambiguidade, a consequência espontânea do Encontro (convenção) é a candidatura Lula", acha.
Lula, que oscila entre o sim e o não à candidatura, quer esperar até o final do ano para a definição.
Oficialmente, para ver se o PT consegue articular uma frente de centro-esquerda para não ter um resultado desastroso na eleição e, nos bastidores, torcendo para que termine o namoro da população com o Plano Real.
Apesar da negativa de aceitar oficialmente a candidatura antes de uma conversa marcada para ontem com Lula, Genro foi enfático que o aval público é a única exigência. "Preciso da chancela de Lula e não de um prévia", disse.
Genro já faz até cálculo de candidato. Concordou que, potencialmente, tem menos votos que Lula, mas não aceita o fracasso eleitoral antecipadamente.
"Me sentirei derrotado se tiver menos de 30% do votos, que é a base mínima da esquerda."
Em mais uma atitude de candidato, disparou contra o ex-ministro Ciro Gomes (PSDB), que ameaça disputar a Presidência da República pelo PSB, um dos aliados tradicionais do PT.
"O Ciro não é de esquerda e nem de oposição. Ele está é magoado com o Fernando Henrique." Irônico, Genro fez uma comparação entre Ciro e o ex-presidente Fernando Collor de Mello.
"Ciro recorre a um aspecto collorido ao bater na moral e nos bons costumes", disse. "Também parece querer repetir Collor ao apostar na chance de se tornar um fenômeno lateral aos partidos."
Sobre política interna do PT, Genro, que apóia a candidatura de José Dirceu à presidência do partido, propôs uma fórmula para "combater a ameaça de cisão": Dirceu no comando e Milton Temer, candidato da "esquerda" da legenda, com assento na Executiva da agremiação.

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