São Paulo, sexta-feira, 29 de agosto de 1997
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Advogado da A D'Oro se recusa a dar dados sobre conexão uruguaia

Procurador pedirá ao BC informações sobre empresas

IGOR GIELOW
DA REPORTAGEM LOCAL

O advogado André de Vivo, procurador da Inversora Rineos no Brasil, depôs ontem ao Ministério Público no inquérito que apura o Frangogate -a venda, pela empresa A D'Oro, de frango à Prefeitura de São Paulo, de agosto de 96 a fevereiro de 97.
Sua recusa em fornecer dados sobre as relações entre a Rineos e a A D'Oro, sob alegação de sigilo profissional por ser advogado de ambas as empresas, obrigou o promotor Alexandre de Moraes a requisitar dados ao Banco Central.
"Precisamos saber exatamente como entraram os US$ 7 milhões que a Rineos investiu na A D'Oro até o ano passado", afirmou Moraes. A Rineos é dona de 46% da A D'Oro, a empresa do cunhado de Paulo Maluf que vendeu cortes congelados à prefeitura e também comprou frango vivo da granja da mulher do ex-prefeito, Sylvia.
Essa conexão uruguaia foi revelada pela Folha no domingo retrasado. "É preciso apurar as relações para saber se há alguém da prefeitura ou da Obelisco (granja da mulher de Maluf) negociando também", disse Moraes.
Em seu depoimento, que durou duas horas e meia, o advogado confirmou ter ajudado os donos da Rineos a entrar na A D'Oro em 1991. Não disse quem são eles.
"Ele afirmou que uma lei uruguaia que garante esse sigilo acionário também só permite que a empresa funcione fora daquele país. Isso explicaria, segundo ele, o fato de não existir uma sede administrativa da Rineos em Montevidéu", afirmou o promotor.
O advogado disse "não lembrar" se alguma vez assumiu a presidência da empresa. Segundo o advogado Oscar Martin Renaux Niemeyer, seu ex-sócio, que é presidente da Rineos no papel mas nega ter exercido o cargo, André de Vivo é o presidente da empresa desde junho de 1991.
Maluf
O ex-prefeito Maluf enviou ofício pedindo ao Ministério Público investigação sobre uma tabela do governo estadual apontando preço de coxas e sobrecoxas maior do que o pago pela prefeitura.
O problema é que a tabela, um xerox não-autenticado e com anotações à mão, se refere a um programa de distribuição de alimentos no qual o governo estadual não fornece nem compra -apenas divulga preços para orientar os produtores a venderem seus produtos.

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