São Paulo, sexta-feira, 29 de agosto de 1997
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Limite de doação será 2% do faturamento

DANIEL BRAMATTI
LUIZA DAMÉ

DANIEL BRAMATTI; LUIZA DAMÉ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Item que proibia dinheiro de empresas privadas na campanha eleitoral foi eliminado em vitória governista

Os líderes governistas promoveram ontem uma mudança na lei eleitoral que pode comprometer a vigência do financiamento público de campanhas a partir de 2002, conforme prevê o projeto aprovado pela Câmara. Foi eliminado o item que proibia doações de empresas privadas para candidatos.
Para as eleições de 1998 e 2000, haverá um limite de doações equivalente a 2% do faturamento bruto no ano anterior, no caso das empresas, e 10% dos rendimentos brutos, no caso de pessoas físicas. A partir de 2002, não há limitação.
Como o governo já anunciou que vai vetar o financiamento misto das campanhas em 98 (que prevê a multiplicação por dez do fundo partidário), os candidatos continuarão dependendo das doações de pessoas físicas e jurídicas.
Na prática, a limitação de doações prevista na lei é inócua, pois os tribunais eleitorais não têm acesso às contas das pessoas físicas e jurídicas.
"É um absurdo fazer financiamento público sem proibir que as empresas doem dinheiro. Do jeito que eles (os governistas) fizeram, fica sem sentido. Talvez queiram derrubar o financiamento público, pois já está garantido o privado", afirmou o relator do projeto, Carlos Apolinário (PMDB-SP).
"Quero ver isso vingar", ironizou o líder do governo na Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), referindo-se ao financiamento público.
Os governistas alegaram que era preciso retirar a proibição para permitir que as empresas doassem recursos nas eleições de 1998 e 2000, quando não deve haver dinheiro público para os candidatos.
Outra emenda aprovada ontem, porém, já permitia as doações de empresas em 1998 e 2000. "As doações privadas já estavam na lei. Não era necessário acabar com a proibição, pois ela só passaria a valer a partir de 2002", disse o deputado João Paulo (PT-SP).
Os governistas não conseguiram retirar do projeto o item que proíbe a participação de candidatos em inaugurações de obras nos três meses que antecedem as eleições.
Luís Eduardo apresentou outra justificativa. "Retiramos a emenda para não dar a idéia de que queremos usar a máquina pública."
A oposição, que venceu praticamente todas as votações de itens polêmicos, não conseguiu suprimir o artigo que garante compensação fiscal às emissoras de rádio e televisão como ressarcimento pela propaganda eleitoral gratuita.
Também foi retirado do texto o item que regulamentava a propaganda na Internet.

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