São Paulo, sexta-feira, 29 de agosto de 1997
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Vacina anti-HIV vai ter teste final

AURELIANO BIANCARELLI
ENVIADO ESPECIAL A ÁGUAS DE LINDÓIA

O mais esperado teste de vacinas contra a Aids -a fase final ou fase 3- pode acontecer no próximo ano com 3.000 usuários de drogas injetáveis da Tailândia. Se aprovada -o que pode levar até dez anos-, a vacina poderá ser aplicada em grandes populações.
A decisão sobre o início do teste depende do governo tailandês. A informação foi dada ontem por José Esparza, assessor para questões de vacina da Unaids, no 5º Congresso Paulista e Brasileiro de Saúde Coletiva, que acontece em Águas de Lindóia (SP).
A Unaids é um órgão das Nações Unidas que congrega os programas de Aids de grandes instituições, como Unicef e OMS.
A notícia vem no momento em que ONGs e instituições de pesquisa protestam contra a priorização dos investimentos em remédios, em detrimento das vacinas. Com o sucesso do coquetel, as vacinas teriam passado para um segundo plano na agenda dos laboratórios.
Segundo Esparza, os investimentos dos laboratórios em remédios são pelo menos dez vezes maiores do que em vacina. "Mais dinheiro e mais pesquisadores poderiam encurtar o tempo de preparo de uma vacina", diz.
O produto candidato a ser testado na Tailândia é o GP120, um recombinante feito por engenharia genética. Segundo o assessor da Unaids, essa vacina já foi testada nas fases 1 e 2 em usuários de drogas injetáveis da própria Tailândia.
Nesse grupo, cerca de 30% estão com HIV e 10% deles se infectam a cada ano. Cerca de 20 vacinas estão sendo testadas em fase 1 em mais de uma dezena de países, incluindo o Brasil. Nessa fase, estuda-se a toxicidade do produto e se sua aplicação induz uma resposta imunológica. Segundo Esparza, na fase 2 aumentam-se os grupos de 30 a 50 pessoas para 200 ou 300.
A Unaids defende a tese de que só uma vacina preventiva poderá controlar o avanço da Aids nos países pobres e em desenvolvimento. Segundo seus dados, a Aids já infectou 30 milhões no mundo e 7 milhões já morreram. Cerca de 90% das vítimas estão nos países em desenvolvimento.

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