São Paulo, sexta-feira, 29 de agosto de 1997
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Joana, 27, já fez dois abortos

DA REPORTAGEM LOCAL

Joana (nome fictício), 27, já fez dois abortos.
"Não queria abortar, mas pesei tudo e decidi que seria melhor para mim", diz.
Por não ter dinheiro suficiente para ir a uma clínica, Joana comprou comprimidos abortivos.
Depois de tomar o remédio, teve hemorragias e aguentou tudo sozinha, no banheiro de casa. "Ninguém percebeu, mas, emocionalmente, fiquei muito abalada."
Na segunda vez, Joana tinha 24 anos e decidiu que não teria o filho junto com o namorado, com quem está até hoje.
Pagou R$ 500 pelo aborto numa clínica. Segundo ela, o lugar era escuro, sujo e os instrumentos, enferrujados. "Fiquei com medo e percebi que estava me arriscando muito. Mas não havia outro jeito."
Joana diz que, olhando a bacia enferrujada da clínica vazia, desconfiou que nem havia estado grávida, pois não chegou a fazer exame, ainda que a menstruação tivesse atrasado dois meses.
"Ele disse que havia anestesiado, mas senti dor do mesmo jeito."
Em ambos os casos, Joana afirma não ter sofrido complicações, e diz que fez o que era preciso na época.
Afirma não ser a favor do aborto, mas acha que as mulheres que fazem deviam ser respeitadas. "O aborto não devia ser caso de polícia. Devia haver um jeito de conscientizar as pessoas para que isso não acontecesse mais."

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