São Paulo, sexta-feira, 29 de agosto de 1997 |
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'Família' recebe Luz Vermelha com respeito
FERNANDO MENDONÇA
Alguns, mais velhos, fizeram questão de se aproximar do ex-detento e convidá-lo para "dar uma passadinha lá em casa mais tarde". Os mais jovens preferiram observá-lo com alguma distância. "Luz", como João Acácio quer ser chamado agora, chegou à casa do tio e padrasto, José Pereira da Costa, 81, às 13h11. "Pode tirar os sapatos?", perguntou para Miriam Ramos da Costa, 59, segunda mulher de seu tio. Ela disse que sim, mas Luz continuou calçado. Após um abraço de apresentação em Miriam, ele olhou ao redor e comentou: "Uma belezinha a casa do meu padrasto". Miriam respondeu: "Estamos recebendo você com muito amor e carinho". A nova casa em que Luz Vermelha vai viver tem uma varanda, uma sala, dois quartos, cozinha, banheiro, área de serviço e um quintal -"onde vamos construir o quarto dele", afirmou a mulher. Por enquanto, ele vai dormir no sofá da sala, porque um dos quartos é do casal e o outro, das duas filhas, Terezinha, 42, e Joana, 29. A porta do quarto delas não tem tranca nem fechadura. O novo morador estava sendo esperado para o almoço. No cardápio, carne de panela, arroz, feijão, macarrão com molho de salsichas e salada. "Sobremesa não deu para fazer, mas um cafezinho vai sair", disse Miriam. Às 14h30, ela cobriu com panos os pratos que ninguém ainda havia provado. "Só vou comer quando todo mundo for embora daqui. Estou sem fome, comi duas bananas e um chocolate na viagem." O bairro Cubatão, onde João Acácio vai morar, fica a 14 km do centro de Joinville (180 km ao norte de Florianópolis), na zona rural da cidade. A nova vizinhança de Luz é formada por cerca de 20 casas, um bar e um salão de baile. O bar do Batista é o ponto de encontro da região. Alguns frequentadores têm medo do novo vizinho. Outros acreditam que Luz Vermelha está recuperado. "O João Acácio não vai mais repetir os erros que cometeu na vida", disse Antônio Domingos Batista, 43, dono do bar que leva o seu sobrenome. "Se ele aparecer por aqui, eu fecho as portas", afirmou Leonora da Costa Batista, 43, mulher e sócia de Antônio. O agricultor aposentado Orsídio Carvalho, 62, afirmou que jogou futebol com o "Cácio" no começo dos anos 60, "antes de ele virar bandido". "Eu era goleiro e ele, lateral-direito do América", disse Carvalho. "Até que jogava bem." O aposentado está entre os que preferem dar um voto de confiança a Luz Vermelha. Texto Anterior: Adriane Galisteu é internada às pressas em SP Próximo Texto: Vereador viaja para ver 'ídolo' Índice |
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