São Paulo, sexta-feira, 29 de agosto de 1997 |
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Encol vai à Justiça para cobrar dívida MAURO ARBEX MAURO ARBEX; FÁTIMA FERNANDES
A crise da Encol não aflige apenas os 42 mil clientes que ainda não receberam seus apartamentos -em muitos casos já quitados. Tradicionais indústrias de materiais para construção civil, que forneciam regularmente à Encol, estão com dificuldades para cobrar dívidas contraídas pela construtora antes da paralisação das obras. A Cerâmica Portobello, fabricante de revestimentos cerâmicos, por exemplo, decidiu entrar com pedido de falência da Encol por causa de uma dívida da construtora, feita há um ano, de cerca de R$ 250 mil (valor já atualizado). A Encol deveria ter pago à empresa no final de 1995 e início de 1996 três parcelas de R$ 63 mil pela compra de aproximadamente 15 mil metros quadrados de revestimentos cerâmicos. Apesar de uma extensa negociação, a Portobello não conseguiu receber a dívida. "Vamos entrar com pedido de falência na Justiça de Brasília entre hoje (ontem) e amanhã (hoje) para tentar reaver o dinheiro", diz Fernandes Leal, gerente financeiro da Portobello, que fatura cerca de R$ 180 milhões por ano. A Encol tem um débito ainda maior -de aproximadamente R$ 600 mil- com a Cecrisa Revestimentos Cerâmicos, referentes a entregas realizadas há um ano. "Estamos negociando com a Encol há algum tempo para tentarmos chegar a um acordo", diz José Zimmermann Jr., diretor administrativo e financeiro da Cecrisa. Segundo ele, todas as fornecedoras da Encol que trabalham com pagamento a prazo, como a Cecrisa, devem ter a receber. Elevadores A Elevadores Sur também tem a receber da Encol o dinheiro da encomenda de 30 elevadores, o equivalente a 1% do faturamento da empresa, de cerca de R$ 130 milhões por ano, segundo Paulo Ronei Realli, diretor comercial. A Folha apurou que são muitas as empresas que estão tentando neste momento cobrar dívidas da construtora. A maioria delas, no entanto, não quer ser citada por considerar que essa ação pode atrapalhar ainda mais o recebimento do dinheiro. Uma grande fabricante de fechaduras e dobradiças informa que tem a receber da Encol cerca de R$ 150 mil em razão de venda feita em janeiro deste ano. Uma importante indústria de aço confirmou que tem dívida a receber da construtora, mas preferiu não comentar o assunto. Para a Cecrisa, que chegou a fornecer mensalmente 50 mil metros quadrados de revestimentos cerâmicos à Encol, a construtora ainda é um potencial cliente, pois tem de concluir 710 prédios, muitos dos quais sem acabamento. Pagamento antecipado A Elevadores Atlas, grande fornecedora da Encol, só fazia as entregas mediante pagamento antecipado. "Fornecemos os componentes conforme vão sendo fabricados e quitados pela construtora", afirma Jorge Gonçalves Filho, gerente-geral da empresa. Segundo ele, ao longo do tempo, desde que surgiram as primeiras notícias das dificuldades na Encol, a Atlas foi renegociando os contratos e ajustando os prazos de pagamento. Hoje, tem apenas um pequeno débito de R$ 50 mil, conforme Gonçalves Filho. A Yale La Fonte, fabricante de fechaduras, que há dois anos era grande fornecedora da Encol, conseguiu acertar as dívidas assim que soube das dificuldades financeiras da construtora. A Deca, fabricante de louças sanitárias e torneiras, também não tem débitos pendentes com a Encol. Ela vende os equipamentos por intermédio dos revendedores. Texto Anterior: CSN investe US$ 300 mi em usina Próximo Texto: Pedido foi feito por Vicentinho Índice |
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