São Paulo, sexta-feira, 29 de agosto de 1997 |
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Pernambucano 'dorme' com campeão
EDUARDO OHATA
Ainda assim, já estará acostumado com o adversário quando subir ao ringue para o enfrentar. "Preguei uma foto dele no armário e todos os dias converso com o tailandês antes de dormir", revela o brasileiro. "Digo a ele para se preparar, porque estou indo tomar o cinturão dele", conta. Vicente espera que a inusitada técnica de preparação psicológica compense a instabilidade que marca sua carreira. Em Recife, não havia nem mesmo uma academia onde pudesse treinar. "Cheguei a treinar algum tempo no Pará, mas pouco tempo depois voltei para casa", diz. "Minha filha sentia muita saudades." Ele, a mulher, Marinês, sua filha, Poliana, e a mãe do lutador, Sônia, vivem juntos em uma casa de madeira localizada nos subúrbios da capital pernambucana. "Minha família sempre me incentivou", elogia. "Minha filha já me chama de campeão." A maior fã de Vicente, porém, é sua mãe. Cobradora de ônibus aposentada por invalidez- enfrenta problemas psicológicos desde que foi agredida durante um assalto-, Sônia sempre arruma uma maneira de fazer "bicos" e patrocinar o filho. As bolsas do lutador costumam variar entre R$ 200,00 e R$ 500,00. Com o pagamento pelo combate com Ratanapol (cerca de US$ 5 mil), Vicente pretende comprar um terreno e construir uma casa. Oportunidade "Temos que aproveitar as oportunidades que aparecem". É assim que o pernambucano justifica a temeridade de enfrentar um campeão experiente, com um cartel de 33 vitórias (27 nocautes), dois empates e uma derrota. O tailandês defendeu o título com sucesso em 20 oportunidades diferentes. O retrospecto do desafiante é mais modesto: 11 vitórias (nove nocautes) e uma derrota. Vicente ganhou a chance de disputar o título da FIB ao vencer o argentino Carlos Eluaiza, em dezembro passado, na Argentina. Tal resultado foi considerado uma grande zebra. O argentino é um veterano de 25 lutas e disputaria um dos cinturões mundiais. "Ele provou seu valor ao vencer o argentino em sua própria casa", disse o árbitro brasileiro Antônio Bernardo que o acompanhou à Argentina. "Resta saber se o tailandês entendeu tudo o que o Vicente falou para ele nas últimas noites..." LEIA MAIS sobre boxe na coluna "Sparring" à pag. 3-14 Texto Anterior: Amadorismo; Profissionalismo; Título Mundial Próximo Texto: Tailandeses substituem sobrenome por patrocínio Índice |
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