São Paulo, sexta-feira, 29 de agosto de 1997
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Vote em Indiana Jones para presidente

THALES DE MENEZES
DA REPORTAGEM LOCAL

Dá para imaginar três cenas.
A primeira: em Los Angeles, o diretor Wolfgang Petersen está lendo roteiros em seu apartamento. Toca o telefone. É um produtor com uma oferta tentadora: um filme planejado para ser uma das cinco maiores bilheterias do ano.
O produtor diz que gostou muito de "O Barco" (82), clássico do recente cinema alemão dirigido por Petersen com toda a ação passada dentro de um submarino. "É que esse novo filme vai ser todo rodado dentro de um avião", explica. Petersen, sem um sucesso desde "A História sem Fim", aceita.
A segunda cena: Gary Oldman está tendo uma briga com sua mulher, a atriz Isabella Rossellini. Um atira copos no outro, entre gritos de "Bêbado!" e "Vagabunda!".
Toca o telefone. É um produtor. Quer Oldman para ser o vilão de uma superprodução que será o estouro do próximo verão norte-americano. O papel: um líder terrorista do Cazaquistão que sequestra o Air Force One, o avião que conduz o presidente dos EUA numa viagem de Moscou a Washington.
"Vocês querem que mais uma vez eu seja o psicopata de plantão, não é? Sempre que vocês precisam de um assassino malucão com um pouco de charme, é o meu nome que encabeça a lista, não é, bastardos?", esbraveja Oldman.
Aí ele pensa nas várias semanas longe de casa e da mulher. Em seguida, aceita o papel.
A terceira cena: em sua fazenda no sul da Califórnia, Harrison Ford está na garagem, serrando tábuas para construir uma casa na árvore para seus filhos. Está caprichada. Afinal, ele trabalhou dez anos como marceneiro antes de se tornar o astro de maior bilheteria de Hollywood.
Sua mulher, a roteirista Melissa Matheson, avisa que há um produtor no telefone. O convite: ser o presidente dos EUA e enfrentar na porrada o grupo terrorista que sequestra o Air Force One e ameaça matar todos os reféns, inclusive a primeira-dama e sua filha.
"Diga que eu não estou. Não aguento mais esse tipo de papel", resmunga Ford. Sua filha caçula, que acompanha a conversa, pede a ele que aceite. "Pai, você vai ser o presidente!", diz a garotinha.
Ford afaga a cabeça da menina e olha para a mulher com ar desanimado. Suspira, pega o telefone e, mais uma vez, vai salvar o mundo.
Pois é. "Força Aérea 1" é previsível desde a escolha dos principais envolvidos na produção. No entanto, acertou em cheio nessa escolha e se transformou num dos filmes mais eletrizantes do ano.
No papel do presidente, Ford faz coisas que até Indiana Jones pensaria duas vezes antes de arriscar. Oldman é o mal-encarado. O duelo dos dois vai esfacelando o Boeing presidencial, que passa metade do filme ameaçando cair.
Atores ótimos, ação contínua e um avião que é o máximo. Vale o preço do ingresso, com certeza.

Filme: Força Aérea 1
Produção: EUA, 1997
Direção: Wolfgang Petersen
Com: Harrison Ford, Gary Oldman, Glenn Close
Quando: a partir de hoje, nos cines Astor, Paulista 2 e circuito

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