São Paulo, sexta-feira, 29 de agosto de 1997
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Sganzerla se denomina 'sem-tela'

DENISE MOTA
DA REDAÇÃO

Rogério se denomina 'sem-tela'
Rogério Sganzerla, 51, o diretor de "O Bandido da Luz Vermelha", afirma que o relançamento do longa, 29 anos após a primeira exibição nos cinemas, "é prova de que o filme é referência obrigatória para quem se interessa por cinema nacional".
A reestréia acontece na semana em que o personagem-inspiração de Sganzerla, João Acácio Pereira da Costa, obteve sua libertação. Para o cineasta, a proximidade dos fatos não é coincidência.
"Costa é um caboclo, um zé-ninguém, um sem-terra. Eu sou um sem-tela, tenho 30 anos de exílio imposto pela tirania audiovisual."
Para Sganzerla, a libertação de Luz Vermelha é "um dado tragicômico da nossa realidade. Faz-se justiça, mas com muita farofada".
Feriado
O cineasta afirma que, só pelo fato de Costa ter cumprido toda a pena, "deveria ter sido instituído um feriado nacional, o 'Dia do Bom Ladrão"'.
O diretor prepara um novo filme, "Sob o Signo do Caos", em que aborda "o julgamento da mídia sobre a obra cinematográfica e radiofônica de Orson Welles". O longa tem no elenco as atrizes Camila Pitanga, Giovanna Gold e Djin Sganzerla, filha do cineasta.
"O Bandido..." foi o longa de estréia de Sganzerla, cineasta catarinense que também dirigiu filmes como "A Mulher de Todos" (1969), "Fora do Baralho" -documentário em 16 mm rodado no Saara- e o curta "Quadrinhos no Brasil" (1969).
Luz Vermelha real
João Acácio Pereira da Costa, 55, o Bandido da Luz Vermelha -que foi libertado na última terça-feira- virou personagem do filme de Rogério Sganzerla no ano seguinte ao de sua prisão, em 67.
Condenado por 88 crimes, ficou conhecido por abordar suas vítimas com uma lanterna vermelha.
Preso por estupros, roubos e assassinatos, Luz Vermelha deveria ter sido solto no último sábado, mas o Ministério Público entrou com recurso contra sua libertação.
Por decisão do desembargador Amador da Cunha Bueno Neto, o recurso foi revogado, e Costa foi libertado.

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