São Paulo, sexta-feira, 29 de agosto de 1997
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A bola está com o PT

ELIANE CANTANHÊDE

Brasília - Perguntas endereçadas ao Encontro Nacional do PT, de hoje a domingo, no Rio de Janeiro:
1) o partido é popular ou sindical?
2) defende as estatais ou os servidores das estatais?
3) o servidor público ou o servidor do público?
4) é um partido de reivindicações ou de alternativas?
5) das táticas do "não" ou da estratégia do "sim"?
6) quer ganhar a eleição pela eleição ou quer mudar o país?
7) fala pelas minorias barulhentas ou pela maioria silenciosa?
São perguntas incômodas, em tom provocativo, que o governador petista Cristovam Buarque (DF) vem repetindo, sem resposta.
Com a história de promiscuidade entre PT e sindicatos, agora reavivada pelo trauma da saída do governador Vitor Buaiz (ES) do partido, seria produtivo para o processo político que a discussão fosse feita num nível sério.
Especialmente num momento em que o eixo da eleição presidencial sofre uma guinada.
A palavra de ordem era a "união das esquerdas" e passou a ser "divisão para vencer".
Antes, a eleição se encaminhava para um Fla-Flu entre Fernando Henrique e um candidato de oposição, provavelmente do PT e mais provavelmente ainda Lula. A derrota era tida como certa.
Agora, a intenção é botar outros times em campo, sob o argumento de que Ciro Gomes, Requião, Sarney e quem mais vier só tiram voto do outro lado e podem garantir um segundo turno que FHC faz tudo para evitar.
O problema é que, sem a união das esquerdas, os petistas devem buscar pelo menos a união interna. Dela dependem o candidato e o discurso -que eles ainda têm de encontrar.
*
Pesquisa do Ministério do Planejamento na biblioteca do Senado mostra que o ex-ministro Delfim Netto, que anda reclamando do governo, também foi pródigo em propaganda impressa na sua gestão (79-85). Só de 81 a 82, foram 19 publicações em papel cuchê, o mais caro do mercado.

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