São Paulo, sexta-feira, 29 de agosto de 1997
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Patuscadas

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - Menos mal que há eleições também para o Congresso no ano que vem. Uma chance de ouro para o eleitorado promover uma faxina em regra, até porque a atual legislatura tem grandes chances de tirar o primeiro lugar no torneio para a desmoralização de uma instituição obviamente vital para a democracia.
Até agora, passados quatro meses da divulgação pela Folha das fitas comprovando a venda de votos para aprovar a emenda da reeleição, não houve o menor empenho da Casa em apurar direitinho a história.
Com isso, fica-se na seguinte situação: sabe-se quem se vendeu, mas não se sabe quem comprou, o que não deixa de ser surrealista.
Escândalos à parte, o atual Congresso parece empenhado em legislar sobre o supérfluo, em vez de ir ao fundo das coisas, nessa brincadeira em que se vai transformando a regulamentação das eleições de 98.
Ontem, por exemplo, foi aprovado o item pelo qual o tempo dos partidos no horário gratuito será proporcional às bancadas eleitas em 1994 e não de acordo com o tamanho delas hoje.
Há até um falso pressuposto moralizante na iniciativa: usando-se o número de 94 evita-se, supostamente, um leilão de deputados, daqui até outubro.
Eles seriam, digamos, cooptados para aumentar o tamanho de cada bancada e, em consequência, o tempo de cada partido na TV.
Bobagem. Deputados mudam de partido, no início, no meio e no fim de cada legislatura, por mera conveniência pessoal/eleitoral. Se sua conveniência coincidir com o interesse de um dado partido em comprar seu passe, tanto melhor.
Se houvesse mesmo uma intenção moralizante, o certo seria o Congresso aprovar uma reforma política abrangente, o que implica, necessariamente, regras de fidelidade partidária.
Aí, sim, o Parlamento estaria legislando sobre o fundo da questão e não sobre perfumarias.

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