São Paulo, sábado, 30 de agosto de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Luz Vermelha é hostilizado em praia
FERNANDO MENDONÇA
"Por que você não vai comprar bombril para esfregar na cara?", perguntou um motorista que parou para falar com João Acácio. Ele tentou reagir, mas o motorista arrancou o carro e foi embora. Na praia da Enseada, um morador falou ao tio de Luz Vermelha, José Pereira da Costa, 81, para seu sobrinho "dar uma chegadinha" em sua casa que lá haveria "bastante faca para passar no pescoço dele". Desta vez, Luz não ouviu, segundo Costa. O passeio de João Acácio com o tio começou cedo pela manhã. Eles saíram pouco depois das 7h para visitar "as novidades" de Joinville, como o shopping center, a catedral e algumas avenidas construídas depois da prisão do ex-detento. Luz Vermelha também quis rever alguns endereços do tempo em que viveu em Joinville, no começo da década de 60. Demonstrou tristeza quando descobriu que muitos deles não existem mais. Em São Francisco do Sul, ele comeu peixe e tomou café em um restaurante. Em seguida, foi passear de barco até a Vila da Glória, lugarejo de pescadores próximo a São Francisco. Foi na praia da Enseada que ele mais se divertiu. Luz Vermelha entrou no mar, nadou, correu na areia e conversou com ex-amigos de juventude que não encontrava desde que foi para São Paulo. Sem renda O ex-detento afirmou que não tem agora nenhuma fonte de renda. "Ninguém deve nada para mim", disse ele. "Vou comprar um caderno bem grosso e escrever um livro para ganhar um salário de três operários." O livro, segundo ele, não será sobre a história de sua vida. "Vou escrever sobre a filosofia do Raul Seixas, do Ayrton Senna, do Roberto Carlos", disse. Luz Vermelha revela que pensava em comprar um Gol com o dinheiro do livro, mas depois que viu o Santana de um amigo do tio, quer "um igualzinho". "Aquele carro é bacana." João Acácio chegou na quinta-feira à casa em Joinville, onde vai morar com o tio, sua mulher e duas filhas do casal. A renda familiar no novo endereço de Luz Vermelha é de R$ 850. "Vamos precisar de ajuda", disse o tio. Texto Anterior: Caso do motel não teve duplo homicídio Próximo Texto: Delegado investiga hipótese de terrorismo em caso Xuxa Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |