São Paulo, domingo, 31 de agosto de 1997
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'Moderado' apoiou Fidel

CARLOS EDUARDO ALVES
DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Há 30 anos, José Dirceu presidia a União Estadual dos Estudantes de São Paulo já pensando em mergulhar na clandestinidade. Hoje, quer presidir o PT para "abrir o partido para a sociedade".
O paradoxo é maior quando se constata que Dirceu é um quadro típico da burocracia petista. Com cargos de direção no PT paulista de 1981 a 1987, Dirceu administrou com mão de ferro a hegemonia de sua tendência -a "Articulação"- dentro do partido.
Centralizador, mas habilidoso, Dirceu mantém com Lula uma relação de ódio e amor. Foi "caroneado" algumas vezes pelo chefe, que tende sempre a optar por alguém de origem sindical, mas agora conta com um inédito apoio ostensivo de Lula na disputa interna.
Banido do país pelo regime militar, Dirceu viveu em Cuba e tornou-se um entusiasmado defensor de Fidel Castro. A obstinação por Cuba alimentou o discurso dos adversários, que sem provas apontavam o dedo para acusá-lo de agente da inteligência política cubana.
Dirceu voltou clandestinamente ao país em 75 e, durante um curto período, foi um pequeno empresário no Paraná, com nome falso. Dentro do PT, carrega a fama de leal a companheiros, assumindo às vezes culpas alheias.
Na campanha de 1994, por exemplo, Dirceu foi candidato ao governo paulista. Na sua prestação de contas, surgiu um volume inesperado de doações de empreiteiras. No PT, tem-se como certo que Dirceu prestou um serviço a Lula, ao poupar a prestação de contas do líder de uma constrangedora revelação para os padrões da legenda.

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