São Paulo, domingo, 31 de agosto de 1997
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Lula pede até 3 meses para tomar decisão

CARLOS EDUARDO ALVES
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Luiz Inácio Lula da Silva recusou ontem o lançamento imediato de sua candidatura à Presidência da República, mas deu mais um passo em direção ao sim esperado pelos petistas. "Quero fazer o jogo certo, se for candidato. Vamos conversar antes com os outros partidos", disse.
A declaração de Lula foi feita durante pronunciamento que durou das 17h às 18h10 na convenção nacional do PT, no Rio.
Pressionado por quase todas as alas do partido para aceitar a candidatura -a discordância entre os grupos limita-se ao prazo para comunicar a decisão-, Lula propôs que a definição ocorra no final do ano. "Não é tempo de deliberar. Isso deve ser feito em dois ou três meses", declarou.
Lula foi enfático na defesa da ampliação das alianças, condição, que deixou claro em seu discurso, indispensável para aceitar enfrentar o presidente Fernando Henrique Cardoso.
Citou a união de oposicionistas na Argentina e no México e atacou de maneira indireta as correntes petistas que querem limitar a coligação petista de 98 aos tradicionais aliados de esquerda.
"Temos alianças municipais com PSDB e PMDB e é perfeitamente possível, por exemplo, sair junto com setores e personalidades do PMDB", acha.
No pronunciamento, que na prática inviabilizou a possível candidatura presidencial de Tarso Genro, Lula quis mandar um ultimato à ala de esquerda do petismo, que, na disputa interna pelo comando do partido, usou como arma as conversas que a cúpula petista manteve com Itamar Franco e Ciro Gomes.
"Qual o problema para gente dizer ao Itamar que, se ele quiser se redimir, deve vir com a gente?", indagou a uma platéia de cerca de 600 delegados.
Unidade
Em outro trecho do discurso, Lula fez uma previsão sombria sobre o futuro do PT, caso persista o grau de luta interna.
"A lógica da desconfiança vai nos destruir", disse. Na sequência, pediu uma relação mais "amorosa" entre os petistas.
O MST também foi citado pelo líder ao falar sobre a tática que considera adequada para o PT. "Tem que ser igual aos sem-terra: bater e negociar."
Lula fez outra crítica indireta para a esquerda petista ao discordar que o partido tenha obrigatoriamente que optar pelo caminho da negação. "Partido do não só quando ele é fraco e pequeno."
Tese
O grupo de Lula e do atual presidente do PT, José Dirceu, conseguiu aprovar a tese-guia da convenção, que, depois de ser submetida a emendas, dará o tom da política petista no próximo período.
A tese da "Articulação, Unidade na Luta" teve 222 votos. A segunda mais votada, que reunia as principais correntes organizadas de "esquerda" do PT, ficou com 176 votos.
A tese vencedora propõe a ampliação das alianças do partido para as eleições de 98. No total, a soma das teses dos grupos que apóiam a reeleição de José Dirceu para a presidência do partido tiveram 17 votos a mais do que as tendências que estão com Milton Temer, adversário de Dirceu.

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