São Paulo, domingo, 31 de agosto de 1997
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Empresas admitem boa remuneração

MAURO ARBEX
DA REPORTAGEM LOCAL

A população do Rio e de São Paulo já paga um preço alto pela energia elétrica, segundo apurou a Folha junto às empresas.
A tarifa média cobrada pela Light e pela Cerj (Companhia Energética do Rio) -privatizadas no ano passado e que distribuem eletricidade no mercado carioca-, está próxima de R$ 90 por megawatt-hora (MWh). O consumidor residencial paga acima de R$ 100 o MWh.
Em São Paulo, a CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz) e a Eletropaulo (Eletricidade de São Paulo), que devem ser vendidas entre o final deste ano e começo de 98, cobram, respectivamente, R$ 91,5 e R$ 95 o MWh, em média. O cliente residencial está desembolsando na faixa dos R$ 110 o MWh.
Segundo o secretário de Energia do Estado de São Paulo, David Zylbersztajn, "não dá para reclamar. Hoje, a tarifa remunera bem as empresas. E a margem das distribuidoras é alta em relação ao que ela paga às geradoras".
Custos fixos
A Eletropaulo paga à Cesp (Companhia Energética de São Paulo) -geradora estadual- R$ 39,5 por MWh pelo suprimento de energia, enquanto vende ao consumidor final por R$ 95 em média, mais que o dobro.
As regras de reajuste garantiram à Light, em novembro do ano passado, um aumento de 8,03% no preço médio da tarifa, para cobrir seus custos fixos, conforme Sérvulo Lima, analista do setor de energia do banco Bozano, Simonsen.
Em maio e agosto deste ano, em função do rejuste aplicado por Furnas Centrais Elétricas e pela usina de Itaipu -que geram e fornecem a eletricidade à Light- , houve nova correção, de 4% e 5,8%, respectivamente. A Cerj aplicou aumentos semelhantes.
Negócio atraente
O governo federal está preocupado com os aumentos.
A Folha apurou com técnicos do Ministério da Fazenda que as regras na privatização do setor visaram, num primeiro momento, apenas tornar o negócio atraente aos investidores.
O interesse maior do governo era levantar recursos com a venda das estatais. Para isso, as regras garantiram uma boa remuneração com as tarifas.
Hoje, a preocupação seria outra. Nas futuras privatizações das distribuidoras estaduais, a intenção do governo deverá ser tornar os contratos menos favoráveis às empresas.
(MA)

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