São Paulo, domingo, 31 de agosto de 1997
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Rio é a polis grega de Machado

NÉLIDA PIÑON
ESPECIAL PARA A FOLHA

Para Machado de Assis, o Rio de Janeiro é a polis grega. Em seu cenário jaz o homem em busca da sua alma. A cidade propicia o deflagrar da sua tragédia, a revelação da sua ironia. Ao perambular pelas ruas do Centro e dos bairros, estes últimos com a marca da burguesia ascendente, o escrito executa a inapelável sentença de morte contra os seus personagens, indicando-lhes de que promotórios hão de enxergar a linha do horizonte indicativo da sua curta e dolorida existência.
As ruas do Rio, para este gênio, são esconderijos das paixões, dos assombros, da vilania. Atravessar a rua do Ouvidor é disparar a seta com que aprisionar a cartografia de uma densa cidade. É encerrar, como se fora ele o arquiteto Dedalus, o touro e a nós nos tortuosos limites urbanos do Rio de Janeiro.

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