São Paulo, sexta-feira, 5 de setembro de 1997
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Zola tenta traduzir o espírito mediterrâneo

JOSIMAR MELO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O Zola fica escondido numa rua improvável -embora numa região de crescente efervescência- do Alto de Pinheiros. É um pouco difícil de encontrá-lo -ele tem mesmo que ser achado, porque fica numa ruela sem movimento, onde dificilmente alguém estará passando por acaso.
Fica também um pouco difícil entender a origem do nome: uma pintura no salão mostra o escritor francês Émile Zola (1840-1902), autor de "Germinal", mas nenhum vínculo possível é sugerido entre ele e a decoração moderna do restaurante, ou seu cardápio italiano de inspiração mediterrânea.
A origem do Zola, de qualquer forma, não está ligada a seu hipotético inspirador, mas ao desejo de uma promotora cultural de montar seu negócio, em associação com um profissional da área gastronômica. Regina Pinho de Almeida, de 35 anos, vem do ramo de eventos culturais e artes plásticas; sua ligação com a gastronomia se dava apenas no âmbito familiar, recebendo amigos.
Associada ao consultor de restaurantes Beco Lemos, 37, ela buscou profissionalizar seu prazer amador num negócio próprio. A quatro mãos, embora com ênfases diferentes para cada um, eles tocam tanto a parte administrativa quanto a gastronômica, escolhendo os pratos a serem executados pelo chef de cozinha José Demétrio de Santana, um paraibano que já passou por casas como Charlô e Cantaloup.
Embora de arquitetura um pouco fria, amenizada pela vista de um pátio interno, o Zola tem um conjunto agradável, como ambiente, serviço tranquilo e comida. Seus pratos circundam alguns clássicos leves da cozinha italiana (bruschetta de mozarela de búfalo, carpaccio, penne com tomate fresco e manjericão) e trazem outras tentativas de traduzir o espírito mediterrâneo -com pratos como o risoto de salmão defumado, queijo mascarpone e erva-doce (de sabor frágil, pouco salmão, pouco sal) ou o tagliatelle com zabaione de parmesão e presunto cru, tentativa um pouco melhor sucedida.
O cardápio tem várias sugestões de pratos do mar (como abadejo com crosta de ervas); algumas carnes (como o filé Manet, grelhado, coberto com rúcula e provolone, gratinado), pomposo na composição e passado do ponto. Além de um esforço interessante: os pratos são acompanhados de sugestões de vinhos -nem todas tão apropriadas, mas pelo menos orientando o cliente na escolha.
(JM)

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