São Paulo, sábado, 13 de setembro de 1997
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Dupla acabava de entrar no primeiro time

LUÍS PEREZ
DA REDAÇÃO

O acidente que matou na madrugada de ontem o cantor João Paulo interrompe uma promessa que estava sendo cumprida. João Paulo e Daniel finalmente ingressavam, após 16 anos, no seleto mundo das duplas sertanejas de "primeiro time" e da "nova geração".
Lançado em abril deste ano, o oitavo disco da dupla prometia elevar seu status -e foi o que fez, com o hit romântico "Ela Tem o Dom de Me Fazer Chorar", que abusa de teclados e guitarra.
A carreira dos dois, que vieram de Brotas (247 km a noroeste de São Paulo), começou em 1981 e, aos poucos, assumiu a estratégia das duplas top Zezé di Camargo e Luciano, Chitãozinho e Xororó e Leandro e Leonardo: gravar um repertório variado em termos de estilo e muitas baladas românticas.
Isso fez com que, no mais recente CD, eles incluíssem não só músicas de raiz sertaneja como "No Mesmo Lugar", originalmente gravada por João Mineiro e Marciano nos anos 80.
Também há "Minissaia", um "pagode caipira", e "Acabou", qualificado por eles de "rockão descontraído".
Outra prova da estratégia é a gravação de autores tradicionalmente românticos, caso de Peninha e Cesar Augusto e Piska.
O resultado foi uma vendagem de cerca de 700 mil cópias do disco do ano passado, com a música de trabalho "Estou Apaixonado", e de 500 mil de outro volume, coletânea dos maiores sucessos.
A morte, que já rondou muitas duplas sertanejas do passado, também chegou, na madrugada de ontem, a uma dupla sertaneja da nova geração, que, além de todas as barreiras musicais, venceu um preconceito. Diferentemente do que acontece na maioria das duplas, João Paulo e Daniel tinha um integrante negro. Era João Paulo.

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