São Paulo, segunda-feira, 15 de setembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

China tem 150 milhões de desempregados

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Cerca de 159 milhões de chineses estão desempregados, informou ontem o ministro do Trabalho chinês, Li Boyong
O anúncio foi feito dois dias depois de o presidente Jiang Zemin ter apresentado oficialmente um plano de ajuste econômico no setor estatal. Jiang quer que as fábricas aumentem a eficiência, reduzindo seu quadro de funcionários.
A população economicamente ativa chinesa é de 834 milhões. O país tem cerca de 1,2 bilhões.
Li observou que o número de desempregados deve aumentar com a reestruturação das empresas estatais. Para o ministro, no entanto, não haverá com as reformas um concomitante aumento do risco de perturbações sociais. "Não haverá 'resultado desastroso' algum, como estimam estudos no exterior.
No seu discurso de abertura do 15º Congresso do Partido Comunista, considerado o mais importante de sua carreira, Jiang, 71, também apresentou planos para reduzir efetivos do Exército em 500 mil homens e lançou uma "guerra prolongada" contra a corrupção.
O presidente chinês admitiu que as demissões seriam dolorosas, mas urgentes, pois as empresas estatais vêm registrando prejuízos. Jiang prometeu que elas colaborariam para um aumento da prosperidade geral.
Atualmente estão sem emprego 20 milhões de operários e 130 milhões de agricultores. A taxa de desemprego urbano é de 3%, disse o ministro Li.
Esses números são consideravelmente menores do que os publicados em agosto pela revista "China Outlook", segundo a qual o desemprego nas cidades atinge 7,5% e o número total de chineses sem trabalho é de 175 milhões.
Estatais na Bolsa
Economistas do governo chinês minimizaram ontem o alcance e os efeitos do plano de ajuste anunciado por Jiang.
Em entrevista coletiva, Zang Haoruo, vice-ministro da Comissão Estatal para Reestruração de Sistemas Econômicos, e outros técnicos negaram a possibilidade de uma grande liquidação de empresas estatais.
O futuro das estatais, que ainda empregam a maior parta da força de trabalho mesmo depois de 18 anos de reformas capitalistas, é o tema mais urgente para o governo de Jiang. Até agora não foram empreendidas reformas drásticas pelo temor de agitação social.
Mas agora os chineses estão particularmente preocupados em aumentar a capacidade de competição no mercado internacional de suas principais empresas.
A necessidade de ajuste é ainda mais urgente num momento em que o país começa a eliminar suas barreiras tarifárias para produtos estrangeiros (leia texto abaixo).
Os chineses pretendem centrar seus investimentos nas 512 empresas que representam quase a metade das vendas e bens estatais, afirmou Wang Zongyu, ministro da Comissão Estatal de Economia e Comércio. Ao todo, as empresas estatais ainda respondem por 76% da economia chinesa.
Wang admitiu que tal medida vai fazer com que as companhias menores desapareçam, mas acrescentou que o governo intensificará seus esforços para encontrar novos empregos para os trabalhadores e para garantir níveis mínimos de condições de vida. "Temos de criar condições para que as melhores empresas cresçam", disse.
O presidium, principal órgão executivo do congresso do partido, com 217 membros, deu ontem respaldo ao plano de Jiang, fazendo com que aumentem as chances de que essa seja a política a ser adotada no país. O congresso do partido, realizado a cada cinco anos, acaba na próxima sexta-feira.

Texto Anterior: Pinochet deixará comando militar
Próximo Texto: PC deve mudar líderes
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.