São Paulo, quarta-feira, 17 de setembro de 1997
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Presidente reunirá governadores tucanos

CLÓVIS ROSSI
DO CONSELHO EDITORIAL

O presidente Fernando Henrique Cardoso vai reunir, até o início da próxima semana, alguns ou todos os governadores do PSDB, para tentar apagar o fogo que vinha se alastrado no partido e virou um incêndio de proporções com a decisão de Mário Covas (São Paulo) de não se candidatar à reeleição.
Duas frases de caciques peesedebistas são suficientes para dar a dimensão do choque provocado no partido.
"Covas tem o potencial para deslocar o eixo da Terra", foi a metáfora empregada pelo presidente nacional do PSDB, senador Teotônio Vilela Filho (AL).
"O estrago é grande, não só pela questão eleitoral paulista, mas por tudo o que significa o nome Mário Covas no PSDB", diz o governador Tasso Jereissati (CE).
Estrago tão grande que deixou o presidente "assustado", conforme a avaliação obtida pela Folha junto a interlocutores de FHC.
Surpresa
O presidente foi completamente surpreendido pela decisão do governador paulista.
A questão, agora, é saber se o encontro entre FHC e os governadores do PSDB será capaz de apagar o incêndio.
A cúpula do partido reagiu por instinto: à falta de um nome real mente forte para a disputa contra Paulo Maluf (PPB), fingiu que ainda pode convencer Covas.
"Ninguém admite sequer imaginar falar em outro nome. É Covas, até onde Deus permitir", resume Teotônio Vilela Filho.
Foi essa a tônica do almoço de caciques peesedebistas, na casa de Teotônio. Mas, longe da mesa de almoço, os próprios tucanos reconhecem que não será nada fácil fazer o governador paulista recuar.
Tasso, por exemplo, diz que é "muito difícil" que Covas mude de idéia, "mesmo que o Fernando Henrique entre em ação".
Opinião
O governador cearense não conversou com seu colega paulista, mas apóia sua opinião no conhecimento que tem de Covas.
"Ele não é de fazer jogadas ou manobras desse tipo", diz Tasso. Sem o saber, Tasso está reproduzindo literalmente o que o próprio Covas dissera à lideranças do PSDB, que com ele conversaram na noite de domingo, 24 horas após o anúncio ao secretariado de que não seria candidato.
Covas advertiu seus companheiros de que não pensassem que estava fazendo uma manobra ou buscando afago, para voltar atrás.
Tratamento
Nas avaliações que o PSDB vem fazendo sobre as motivações de Covas para a desistência, consolida-se a de que o grande problema (embora não o único) é o tratamento que ele recebeu da equipe econômica, desde o início de sua gestão.
Mais recentemente, essa mágoa, antiga, concentrou-se em Antônio Kandir (Planejamento), pela lei sobre o ICMS das exportações.

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