São Paulo, quarta-feira, 17 de setembro de 1997
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O PSDB e o triângulo

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - De todas as especulações sobre as sucessões presidencial e estaduais, o mais sensato que existe a ser dito é que falta ainda quase um ano para a eleição.
Muitas das decisões políticas de hoje estarão apodrecidas em 98.
Isso precisa ser registrado para que não paire a impressão -falsa- de que o PSDB é um partido em conflagração interna irreversível. Ou que a legenda de FHC esteja caminhando para um fracasso nas urnas.
Os tucanos têm o cargo de presidente da República nas mãos e os governos dos três principais Estados do país -São Paulo, Rio e Minas Gerais.
O fato é que o excesso de poder, por paradoxal que possa parecer, tornou-se a maior fraqueza dos tucanos.
Bons para formular, mas com uma incapacidade atávica para realizar, os tucanos governantes patinam nas pesquisas eleitorais em São Paulo, Rio e Minas, o chamado triângulo das Bermudas da política nacional -porque ali muito políticos aparecerem e desaparecem sem deixar vestígios.
Em São Paulo, os comentários mais maldosos sobre Mário Covas dão conta de que um dos motivos de sua temporária desistência eleitoral também seria o medo de uma derrota humilhante para Paulo Maluf, seu arquiinimigo de sempre.
No Rio, os tucanos tremem de medo da estrela ascendente do PFL, o ex-prefeito César Maia. O governador Marcello Alencar já cogita até sair do cargo alguns meses antes da eleição para organizar sua campanha por mais um mandato.
Sobre Minas, o próprio PSDB faz análises sombrias. Um ministro político importante tem uma frase lapidar para definir o cenário mineiro. "Em Minas, não se sabe quem vai ganhar o governo. Mas já se sabe quem vai perder: é o Eduardo Azeredo."
Como ressaltei no começo, essa é a fotografia instantânea. De hoje. As eleições são em 4 de outubro de 98.
Nada impede, portanto, que FHC e os tucanos revertam o quadro adverso. Só que vai ser difícil passar pelo triângulo das Bermudas sem perdas.

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