São Paulo, quarta-feira, 17 de setembro de 1997
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Sal de frutas

LUIZ CAVERSAN

Rio de Janeiro - Declarações de Leonel Brizola no Rio Grande do Sul funcionaram como que uma dose de sal de frutas sobre a feijoada degustada pelo líder pedetista junto com petistas no último sábado.
Tem gente com o estômago fervendo.
A feijoada sabatina que ocorreu na casa da senadora Benedita da Silva, no Rio, serviu para que Brizola e Lula anunciassem publicamente que aceitam, sim, participar de uma mesma chapa para disputar a Presidência da República.
Brizola concordou até com a idéia de ser vice de Lula.
Mas nem bem o gosto do feijão preto desapareceu e ele declara, para o espanto de muitos petistas, que Ciro Gomes pode vir a ser a melhor opção das esquerdas para enfrentar Fernando Henrique Cardoso nas urnas.
Disse lá daquele jeito empolado dele, mas disse.
E mais: garantiu que nunca descartou a hipótese de vir a se candidatar a uma vaga no Senado ou na Câmara Federal, seja pelo Rio Grande do Sul, seja pelo Rio de Janeiro, Estados dos quais já foi governador.
Em matéria de costura política, isso é o que se pode chamar de amplidão de horizontes.
*
O papa vem ao Brasil, mas só fica no Rio de Janeiro, paróquia comandada pelo conservador d. Eugenio Sales. Uma deferência mais do que especial, uma vez que deixa de lado próceres da igreja como d. Paulo Evaristo Arns, cujos pendores progressistas não agradam a João Paulo 2º nem aos poderosos desta gestão do Vaticano.
O apoio ao conservadorismo do cardeal Sales é tamanho que, nesta altura do campeonato, ele apita mais do que o presidente da CNBB, d. Lucas Moreira Neves, que, por causa do seu cargo, deveria capitanear os preparativos da visita papal, mas não o faz.

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