São Paulo, quinta-feira, 18 de setembro de 1997
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MST invade fazenda e abate gado no Pontal

Foi o segundo ataque esta semana

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PRESIDENTE PRUDENTE

Um grupo de sem-terra ligado ao MST voltou a invadir, abater gado, destruir cercas e lavouras da fazenda Santa Teresa, em Euclides da Cunha, no Pontal do Paranapanema. Foi o segundo ataque à fazenda nesta semana.
No domingo, os sem-terra quebraram cercas, atearam fogo nas pastagens e perfuraram a cobertura de dois silos que armazenam alimento. Um boi foi abatido.
A fazenda também foi invadida em janeiro -os sem-terra foram despejados após uma ação de reintegração de posse da área.
A Santa Teresa é considerada produtiva pelo Incra, mas pertence a uma área que é objeto de ação discriminatória na Justiça, que vai decidir se a propriedade é ou não devoluta (pertencente ao Estado).
Segundo o relato de funcionários da fazenda à polícia, a nova invasão aconteceu anteontem à noite envolvendo cerca de 90 homens armados de facões e foices.
O grupo destruiu aproximadamente um quilômetro de cercas, incendiou três alqueires de milho e abateu sete cabeças de gado.
Nenhum dos líderes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) no Pontal do Paranapanema (extremo oeste de São Paulo) quis dar entrevistas.
Os líderes vêm alegando, desde segunda-feira, que não participaram das decisões de invadir a Santa Teresa e a fazenda Maturi 1, em Caiuá, também no Pontal, onde cerca de 150 famílias permanecem desde o início da semana.
"O MST pode ter perdido o controle dos acampamentos, mas isso pode ser também uma nova estratégia", disse o superintendente do Incra no Estado, Jonas Villas Bôas.
O dono da Santa Teresa, Herclito Macedo, 58, afirma ter encontrado um projétil de arma de fogo na pata de um boi. "O sem-terra estão usando armas de fogo para matar meus bois", disse Macedo, que foi à Santa Teresa ontem à tarde.
O veterinário Helton Macedo, filho de Herclito, disse que discutiria com o pai, ontem à noite, se vai contratar seguranças.
"Eles não atacam onde há armas. Estamos pensando seriamente nisso", afirmou.

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