São Paulo, quinta-feira, 18 de setembro de 1997 |
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A mulher do padre
CARLOS SARLI
Muitas vidas já ficaram por lá. Mesmo contando com guias locais, os sherpas, e na via escolhida por eles, uma das mais fáceis. Apesar de terem motivos para comemorar, o carioca Mozart Catão e o paranaense Waldemar Niclevics se estranharam, bateram de frente. Juntos, eles foram os primeiros brasileiros a chegar ao cume. As razões provavelmente passam pelo tema discutido aqui na semana passada: as relações entre pessoas sob tensão praticando esportes de risco tendem a estremecer as mais sólidas amizades. Também pode ser que motivos mais pragmáticos tenham motivado a briga, como a declaração de ambos de terem atingido o topo primeiro. O fato é que a parada entre nossos homens da neve esquentou. Em uma expedição, quem está na frente não chega primeiro. O grupo chega, e, no caso, os dois chegaram. De qualquer forma, o falatório acabou motivando o desafio de atingir os sete maiores picos de cada continente, objetivo comum aos dois alpinistas. Com seis das sete montanhas conquistadas, a mais recente o Mckinley, no Alaska, há quatro meses, a briga agora saiu da alçada técnica-atlética-financeiro, para a diplomática. A derradeira conquista é a Pirâmide Carstenz, em Papua/Nova Guiné. O país-ilha da Oceania vive conflitos internos que limitam o acesso a estrangeiros. Com estilos bem distintos, Mozart é do tipo atlético mais agressivo, enquanto Waldemar faz a linha romântico-idealista. A ironia da história é fazer com que os dois, que vivem arriscando a vida e desafiando a natureza, agora dependam de decisões de gabinete que determinarão o vencedor da corrida. Texto Anterior: Quem quer um goleiro "made in Brazil"? Próximo Texto: WQS; Bike; Surfe & snow Índice |
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