São Paulo, quinta-feira, 18 de setembro de 1997
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DAÚDE COMENTA "#2" FAIXA A FAIXA

"Afrolodum Multimídia" (Lucas Santana-Quito) - "É de dois compositores jovens de Salvador e reflete este momento que estamos vivendo, de mistura do primitivo com a alta tecnologia -vivemos todo esse avanço, mas é na terra que vamos beber. A letra diz: 'A fibra ótica é ótima, mas não conduz percussão'. É isso."

"A Boca Sujou" (Fernando Moura-Jovi) - "Quis gravar vários compositores jovens, como é o caso desses cariocas. Essa fala da violência, mas para ressaltar que a maioria da população das favelas é de trabalhadores, que descem o morro todo dia para pegar pesado. Tem participação dos rappers ingleses Jimmy Spooner e Billy Edwards."

"Pata Pata" (Miriam Makeba) - "Fez sucesso quando eu era pequenininha, em Salvador. Não lembrava da música, mas das modas que ela criou -pente pata pata, sandália pata pata... Isso é muito pop, foi revolucionário. Vi um vídeo da época, ela tinha um visual muito moderno -botas espaciais, túnica, minissaia-, aquela letra não convencional, na língua oficial sul-africana, chamada xhosa."

"Vamos Fugir" (Gilberto Gil-Liminha) - A letra, a harmonia e a melodia são lindas, e a participação de Djavan contribuiu muito para o clima sensual da faixa. Acho que dei uma visão muito feminina à música. Compositores sempre escrevem falando para uma mulher; eu canto pensando num homem, numa postura feminina incomum, de se declarar explicitamente."

"Une Chanson Triste" (Herbert Vianna) - "O ritmo é drum'n'bass, que eu adoro, mas você sente nitidamente o violão bossa nova ao fundo."

"Boca" (Paulinho Moska-George Israel) - "É a mesma sensação de 'Vamos Fugir', uma postura feminina agressiva, sexual, tipo 'adoro morder tua língua'."

"Casa Caiada" (Leo Bitbit-Bohgan-Alaim Tavares) - "Essa é da leva mais nova dos meus primos do Candeal. Eles compõem maravilhosamente bem, a canção me lembra das coisas de lá, das festas religiosas, das casas caiadas, inacabadas por falta de dinheiro para terminar a construção."

"Quase" (Caetano Veloso-Antonio Cícero) - "Caetano disse que gostaria de fazer uma música para mim. Tento não ficar blasé, mas claro que foi um susto. É uma coisa que sempre sonhei, desde pequena, quando ouvia 'Não Identificado', os arranjos do Rogério Duprat."

"Sarambá/Idioma Esquisito" (Oito Batutas-José Thomas/Nelson Sargento) - "Juntei uma roda de samba que o grupo do Pixinguinha levou à França em 1922 para apresentar o samba aos franceses com a música do Nelson Sargento, que eu cantava há tempos. No Brasil, costuma-se sempre excluir quem não frequentou escola, quem não fala idioma. Nelson representa isso, incluir essa faixa é política."

"Romena" (Sueli Mesquita-Luis Capucho) - "É outra de jovens compositores. O tema é como a música e a dança podem aniquilar as diferenças entre pessoas, entre países."

"As Baratas" (Darcy da Serrinha) - "É um jongo inédito do Darcy da Serrinha. As pessoas perguntam: 'O que é isso, falar de barata?' Mas são exatamente essas fronteiras entre erudito e popular que quero ignorar".

"Inteira pra Mim" (Zélia Duncan-Lucina) - "Tenho grande admiração por Zélia. A letra é maravilhosa, a música também. É simples e profunda."

"Lavanda" (Carlinhos Brown) - "É do mano Carlos. Ele estava fazendo uma música que falava de mim, de meu nome, e de repente desceu um 'lavanda'. Ela me lembra de floresta, conto de fada, folclore brasileiro, gnomo, sete anões..."

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