São Paulo, quinta-feira, 18 de setembro de 1997
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Ministra francesa do Ambiente admite ter fumado maconha

Dominique Voynet, do Partido Verde, diz ser pró-legalização

MARTA AVANCINI
DE PARIS

A ministra da Regulamentação Territorial e do Meio Ambiente da França, Dominique Voynet, admitiu ontem já ter fumado maconha. A declaração foi feita em entrevista ao jornal semanal humorístico "Charlie Hebdo".
A pergunta foi feita em um contexto em que a ministra era questionada sobre sua posição sobre a legalização da maconha.
"Eu sempre fui favorável (à legalização). Enquanto médica e política. A dependência da heroína é frequentemente um problema de uma personalidade toxicômana, já o consumo ocasional de maconha não tem impactos sobre a saúde e o meio social. Eu fico mais inquieta com o número de franceses que precisam de soníferos do que com o número de pessoas que fumam um baseado", disse Dominique.
Ao ser perguntada se ainda fuma maconha, a ministra se limitou a responder "merda!...".
Dominique é a única ministra ligada aos ambientalistas presente na administração do premiê socialista Lionel Jospin, no poder desde junho.
Ela chegou ao cargo graças a uma aliança eleitoral com os socialistas durante a campanha eleitoral de abril e maio e que resultou na vitória eleitoral da esquerda.
A aliança foi vantajosa para os verdes, que conseguiram eleger 28 deputados de um total de 577, fato inédito na história política da França.
Dominique é conhecida por suas posições polêmicas e, por vezes, contrárias às predominantes no governo, inclusive fora de suas áreas de competência. "Eu acho que não engulo muito. Há debates dentro do governo. E eu perco, às vezes. Mas eu não sou obrigada a apoiar as coisas que reprovo."
Um exemplo é sua defesa da revogação das leis Pasqua e Debré, que definem os critérios de permanência de estrangeiros na França e que são criticadas por entidades de defesa dos imigrantes por serem consideradas muito rigorosas.
"Precisamos dar uma demonstração de ruptura em relação às políticas anteriores", afirmou Dominique ao "Charlie Hebdo" sobre a imigração.
Mas, se os ambientalistas perdem espaço em alguns âmbitos, em outros eles estão conseguindo viabilizar suas propostas.
Ontem, por exemplo, o governo anunciou a suspensão do projeto de construção de uma usina nuclear na região do vale do rio Loire (oeste).
A decisão foi considerada positiva por Dominique, que se comprometeu a lutar pela preservação da natureza naquela região.
Outras vitórias é a decisão do governo de suspender o funcionamento da usina nuclear Superphénix.
(MA)

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