São Paulo, quinta-feira, 18 de setembro de 1997
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Londres enfrenta desafio da descentralização

PAULO HENRIQUE BRAGA
DE LONDRES

O governo do Reino Unido tenta hoje dar mais um passo em seu projeto de descentralizar o poder no país. Os habitantes do País de Gales decidem em plebiscito se querem a criação de um Parlamento para o território.
A mesma proposta foi aprovada na semana passada, com folga, na Escócia. Uma fórmula semelhante de descentralização de poder é apontada como uma das soluções possíveis para o confronto entre católicos e protestantes no outro território que compõe o país, a Irlanda do Norte.
Diferentemente da assembléia escocesa, porém, o Parlamento galês não terá o poder de arrecadar impostos.
Sua principal função será definir como será gasto o orçamento anual de US$ 11 bilhões destinado ao território.
Atualmente, todas as decisões são tomadas pelo ministro para o País de Gales, indicado pelo premiê. Se aprovada, a assembléia de 60 membros deve começar a funcionar no ano 2000.
O "sim" à criação do Parlamento está em vantagem nas pesquisas, mas o resultado deve ser apertado. Levantamento feito no último fim-de-semana afirma que 37% da população é favorável, com 29% contra.
O Partido Conservador, que ficou sem nenhum deputado na Escócia e no País de Gales depois da derrota nas eleições de 1º de maio, encabeça a campanha pela rejeição ao Parlamento.
Seu líder, William Hague, alega que o órgão será "apenas uma sala quente" onde o dinheiro do contribuinte estará sendo gasto à toa.
O principal argumento dos conservadores, porém, é o de que a devolução é o primeiro passo para a desintegração do Reino Unido.
Irlanda do Norte
Na única Província onde há, de fato, confronto entre britânicos e nacionalistas, representantes de partidos unionistas encerraram ontem um boicote de dois dias a negociações sobre o futuro do território.
David Trimble, líder do Partido Unionista do Ulster, foi com representantes de dois outros partidos pró-britânicos ao castelo de Stormont, Belfast, onde ocorrem desde segunda as negociações.
"Não estamos aqui para negociar com o Sinn Fein, mas para confrontá-lo, expor seu caráter fascista", afirmou Trimble.
Ele acusou o IRA (Exército Republicano Irlandês) e seu braço político, o Sinn Fein, de estar por trás do atentado que destruiu um posto policial anteontem em uma área protestante da Província.
Trimble voltou a exigir a expulsão do Sinn Fein do diálogo.

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