São Paulo, quinta-feira, 18 de setembro de 1997
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O REAL, FHC E A ELEIÇÃO

O prestígio do presidente Fernando Henrique Cardoso e do Plano Real continuam como sempre estiveram: muito altos. O governo FHC é ótimo ou bom para 43% dos entrevistados pelo Datafolha, índice superior à média histórica de 40%. O Real é bom para o país para 75%, avaliação quase constante desde o início do plano. Até agora, as variações de humor da opinião pública foram ligeiras e circunstanciais. Ressalte-se ainda que FHC e o Real são avaliados de maneira semelhante e positiva nas diversas faixas de renda ou de escolaridade. Pelos números do Datafolha, parece difícil identificar a base objetiva do rumor de insatisfação maior no país.
No entanto, os dados da pesquisa para a eleição presidencial destoam um pouco dos que conferem grande popularidade ao governo. Quaisquer que sejam as candidaturas, FHC tem em torno de 35% do eleitorado, mas não venceria hoje a eleição no primeiro turno. A votação no presidente seria 18% inferior à taxa de aprovação de seu governo, e as intenções de voto nos demais candidatos sugerem uma eleição mais competitiva.
Dados a indefinição das candidaturas e os quase 13 meses que ainda restam até a eleição, essas especulações são evidentemente prematuras. No entanto, sabe-se que há uma diferença em relação à eleição de 94, quando FHC bateu Lula por 54% a 27% dos votos. FHC e o Real eram então considerados a salvação num país que saía da crise hiperinflacionária. Agora é possível que uma parcela do eleitorado, já satisfeita com o fato de FHC ter colocado ordem na economia, deseje algo além de uma moeda estável. Talvez sejam esses eleitores e os insatisfeitos que pretendam votar em Sarney, Itamar, Ciro e mesmo em Maluf, que teria desistido do Planalto. Lula mantém seus 22% de eleitores habituais.
Significativo entre os nomes que despontam, Ciro Gomes chegou a obter consideráveis 8%, sendo mais "votado" entre os de maior renda e de maior escolaridade (o inverso do que ocorre com Sarney), talvez os mais bem informados sobre sua pré-candidatura. Isto é, o nome do ex-governador do Ceará talvez se torne uma alternativa tão viável quanto os ex-presidentes e Maluf.
Mas, especulações à parte, ainda é preciso que a popularidade de FHC seja muito desbastada para fazer com que os indícios de uma eleição competitiva se confirmem de fato.

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