São Paulo, quinta-feira, 18 de setembro de 1997
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DESCONTROLE NO SARAMPO

A epidemia de sarampo em São Paulo tem proporções bem maiores que as divulgadas até agora pela Secretaria de Saúde do Estado. Reportagem publicada hoje por esta Folha revela que o Instituto Adolfo Lutz, ligado à secretaria, registrou até o final de julho 6.173 casos da doença, mas apenas 4.064 deles foram oficialmente reconhecidos, conforme o último balanço do CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica), que veio a público no início deste mês.
Como se não bastasse, a defasagem entre a dimensão real da epidemia e os números oficiais tende a ser muito maior. Há no Adolfo Lutz 16 mil casos suspeitos -12 mil de agosto e 4 mil de setembro- que ainda não foram examinados. Na média dos últimos meses, de cada duas suspeitas de sarampo, uma se confirmou. Mantida a tendência, isso elevaria para 14 mil o contingente de doentes.
Há um abismo evidente entre a gravidade da epidemia e a capacidade de reação do Estado. Este não consegue sequer acompanhar a progressão da moléstia, quanto mais combatê-la. Mais do que ineficiência, que é inegável, há sinais claros de que a população não pode confiar minimamente na atuação dos órgãos de saúde.
Não se conhecem ao certo as causas que originaram a atual epidemia. Mas a imunização preventiva, meio mais eficaz de combater doenças transmissíveis, está sendo negligenciada não apenas em São Paulo, mas em todo o país. Programas de vacinação em massa vêm sendo reduzidos há pelo menos dez anos. Agora, diante do quadro alarmante, impõe-se uma atuação mais enérgica e sobretudo responsável do poder público, tanto nas campanhas preventivas como no acompanhamento rigoroso da evolução da epidemia.

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