São Paulo, sábado, 20 de setembro de 1997
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Justiça deve receber novos pedidos para alterar óbitos

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Familiares de mortos no regime militar (1964-1985) acham que haverá uma grande quantidade de ações judiciais pedindo retificações de atestados de óbitos de versões oficiais sobre suicídios.
O primeiro caso de retificação foi obtido pela família de Norberto Nhering, morto em 1970. A Justiça mandou constar de seu atestado de óbito que ele morreu de "causas não-naturais em dependências policiais ou assemelhadas".
Suzana Lisboa, da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos do Ministério da Justiça, diz que, além das indenizações, as famílias também querem contar a história verdadeira sobre aquelas mortes.
Ela vai entrar com ação na Justiça para mudar a versão oficial sobre a morte de Eurico Lisboa, com quem era casada. "Não quero que o atestado dele diga que houve suicídio." Muitos atestados não fazem referência à causa da morte.
Para os familiares, é importante a mudança no atestado de óbito. "Ficava muito deprimida quando lia no atestado que meu pai se suicidara", diz Marta Nhering, filha de Norberto. "Era uma mentira que precisava ser desfeita."
A advogada Elza Marques, responsável pela ação da família Nhering, diz que a decisão judicial criou jurisprudência nesses casos. "Basta o advogado entrar com ação de retificação de óbitos."

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