São Paulo, sábado, 20 de setembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MST faz, no MS, a maior invasão do ano

RUBENS VALENTE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra) promoveu ontem a maior invasão de terra do ano no país e uma das três maiores desde 95, segundo levantamento da direção nacional da entidade.
Cerca de 2.200 famílias deixaram um acampamento localizado às margens da rodovia BR-163 e invadiram a fazenda Santo Antônio, de 25,5 mil hectares, em Itaquiraí, no sul do Estado.
A fazenda pertence ao Frigorífico Bertin, de Lins (SP), e foi considerada "grande propriedade produtiva", durante uma vistoria feita em maio pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).
O chefe da unidade avançada do Incra em Dourados (MS), Marcelo da Cunha Resende, 44, informou que mais 1.500 famílias, possivelmente de Mundo Novo (MS), na fronteira com o Paraguai, teriam também participado da invasão.
O MST e a Polícia Rodoviária Federal não confirmaram a informação. Às 17h, foi concluída a invasão, segundo a polícia.
Segunda vez
O grupo de sem-terra já tinha invadido a fazenda Santo Antônio em março último, quando reteve por 12 horas uma guarnição da Polícia Militar.
Em julho, os sem-terra saquearam quatro caminhões carregados com alimentos. Em 8 de agosto, mataram pelo menos 42 cabeças de gado de uma fazenda vizinha, afirmando que as famílias do acampamento passavam fome.
O acampamento tinha 2.163 famílias, ou 6.100 pessoas, segundo o cadastramento do Incra, e ganhou reforço de mais 40 famílias no início do mês de setembro.
Valdirene de Oliveira, 21, da direção estadual do MST, disse que a invasão de ontem foi "um protesto" contra a desclassificação de 1.108 famílias do cadastro do Incra, anunciada no final do mês passado.
O cadastramento concluiu que apenas a metade dos acampados tinha um passado ligado à atividade agrícola.
Direito
O responsável pelo levantamento, Marcelo Resende, disse que o MST "tem o direito de recorrer dos resultados" e considerou a invasão de ontem "um ato político".
Os donos do Frigorífico Bertin não foram localizados ontem para falar sobre o assunto.
A informação do escritório de advocacia da empresa é de que os proprietários entrarão hoje na Justiça de Naviraí (MS) com um pedido de reintegração de posse da propriedade.

Texto Anterior: Justiça deve receber novos pedidos para alterar óbitos
Próximo Texto: Governo corta cesta básica e quer despejo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.