São Paulo, sábado, 20 de setembro de 1997
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Nova ação da PM deverá ter vida curta

DA REPORTAGEM LOCAL

Independentemente dos resultados, a Operação Metrópole, ação realizada ontem pelo novo comando da PM, foi apenas uma forma de mostrar à população que algo mudou na corporação.
Segundo o coronel Élio Proni, que assinou a ordem desencadeando a operação -seu último ato à frente do CPM (Comando de Policiamento Metropolitano)-, a ação serviu mais para "mostrar à comunidade que está havendo mudanças".
Intervenções como a realizada ontem pela PM não são novidades. De tempos em tempos elas acontecem. O que muda é o nome.
Em 93, por exemplo, era chamada de Operação Fecha Quartel. Por diversas razões, no entanto, essas ações têm vida útil muito curta.
O próprio comando da tropa reconhece que uma operação desse tipo, com o uso do efetivo administrativo, não pode ter uma duração prolongada, sob o risco de emperrar a máquina burocrática.
A Operação Metrópole contou com quase todo o efetivo administrativo do CPM (responsável por toda a Grande São Paulo), além dos policiais escalados normalmente para o patrulhamento.
Esse é o principal ponto que impede que a operação tenha longa duração. O CPM conta com cerca de 23 mil policiais -de 12% a 13% deles são responsáveis pela burocracia interna das unidades. Os policiais são divididos em turnos.
Ontem, a operação teve um efetivo de 8.642 PMs, sendo 1.132 administrativos. Nos quartéis, ficaram um capitão responsável pela área operacional e um PM para cada seção. Não foi divulgado o total de policiais administrativos que não saiu às ruas.
O pessoal administrativo é responsável por toda a retaguarda do setor operacional, fazendo escalas de serviço, manutenção de veículos e encaminhamento de ocorrências, entre outros.
Uma operação especial prolongada coloca em risco toda a parte administrativa, que pode entrar em colapso, afetando, por consequência, o setor operacional.
Outro empecilho para uma duração maior de uma ação desse porte é o fato de ela ser localizada, o que pode atenuar a criminalidade apenas nos pontos de bloqueio, mas não impede que o problema mude de lugar.
Além disso, alguns oficiais -unânimes em afirmar que era preciso sacudir a tropa e mostrar mudanças- admitem que ações como essa têm apenas efeito paliativo, momentâneo.
"Baixa a febre, mas a infecção continua", declarou um coronel que já ocupou cargos importantes na corporação sobre a eficácia momentânea de uma operação especial. "Mas, pelo menos, é um começo, uma sacudida que estava precisando acontecer."
O ideal seria criar uma operação permanente, que consiga combater a criminalidade em diversos pontos e nos períodos mais críticos, sem enfraquecer o patrulhamento rotineiro.

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