São Paulo, sábado, 20 de setembro de 1997
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Especialistas temem abuso de autoridade

DA REPORTAGEM LOCAL

Fazer policiamento ostensivo nas ruas de São Paulo não é ilegal e pode ajudar a combater a violência na cidade, mas isso deve ser associada à constante vigilância contra possíveis abusos de poder.
Essa é a opinião de especialistas em defesa dos direitos humanos ouvidos pela reportagem da Folha.
"Se eles procederem nos termos da lei, não há nada para criticar. Sempre houve uma expectativa da população de que houvesse mais polícia nas ruas", afirma o procurador-geral de Justiça, Luiz Antonio Marrey.
Ele acrescenta: "Não há garantia de que isso vai resolver o problema da violência, mas é melhor ter mais policiamento do que faltar. Nisso todos concordam. Isso não significa que resolverá todo o problema da segurança".
A opinião do coordenador da Subcomissão de Segurança Pública da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil), Luiz Bueno de Aguiar, é semelhante à de Marrey.
"É, sem dúvida, uma operação de impacto causada pela mudança do comando da Polícia Militar. Mas, em tese, não há nada errado no policiamento ostensivo organizado. Isso é prevenir o crime."
Aguiar lembra, no entanto, que "o que não pode acontecer é a repetição de operações em que pessoas são presas ilegalmente". "Você não pode levar pessoas para a delegacia sem flagrante. Isso é violação da lei."
Espetáculo pirotécnico
Segundo Aguiar, ainda é cedo para dizer se essa operação reduzirá a criminalidade na cidade. "Será que a PM tem fôlego para manter a operação ou isso é apenas mais um espetáculo pirotécnico? Estamos cansados de ver operações que começam só para impressionar e não vão adiante. Só o tempo dirá se desta vez funcionará."
O padre Júlio Lancelotti, que luta pelos direitos dos meninos de rua, disse que até ontem não havia sido informado de nenhum abuso de poder. "Eles não estão prendendo as pessoas. Só mandando circular", disse.
O padre questiona, no entanto, a eficácia desse tipo de policiamento. "Tirar os pobres de circulação não faz com que eles desapareçam. Como o problema continua, na verdade, eles só vão de um local para o outro."

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