São Paulo, sábado, 20 de setembro de 1997
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Policiais evitam truculência na abordagem

DA REPORTAGEM LOCAL

As blitze da PM na Operação Metrópole foram mais "cordiais" que as feitas durante o Tolerância Zero, no primeiro semestre.
Os policiais não apontavam, por exemplo, as armas para os "suspeitos" e, na maioria das vezes, mantinham as mãos para trás.
No total, 15.136 pessoas foram abordadas nas ruas da Grande São Paulo. A PM verificou também 227 ônibus, 333 táxis, 5.838 carros e 192 caminhões.
Durante a ação, os policiais mandavam o motorista parar o carro e descer. Primeiro, os ocupantes eram revistados pessoalmente.
Depois, os documentos da pessoa e do veículo eram checados. Em seguida, o carro era revistado minuciosamente.
Se o motorista estava sem a carteira de habilitação, a pessoa não era levada para a delegacia automaticamente. A placa do carro era anotada e, as informações sobre o motorista, checadas.
Se a pessoa dissesse que a carteira de habilitação estava em casa ou no escritório, ela podia telefonar e pedir para alguém levar o documento. Nesse caso, o motorista era apenas multado.
Em cada ponto escolhido para a operação, havia de 10 a 15 policiais. Entre eles, policiais femininas e equipes do trânsito.
"Achei a abordagem calma. Já fui parado outras vezes e essa é a primeira em que os policiais não foram agressivos", disse Marco Antônio Constâncio, 30, que teve sua camionete F-1000 parada e multada por irregularidades no espelho retrovisor esquerdo.
"Mas sou negro e posso dizer com certeza que uma pessoa de cor é vista como mais suspeita nesse tipo de operação", disse.
Apesar da sugestão de racismo por parte de Constâncio, não foi o que aconteceu, por exemplo, na blitz feita pela PM no largo Santa Cecília. Das 15h30 às 17h, 40 pessoas foram abordadas -31 eram brancas e 9, negras.
Segundo o tenente Cícero, que atuava na blitz em Santa Cecília, o objetivo da operação é detectar todos os tipos de irregularidades.
"O procedimento é o mesmo de algumas fábricas que, no final do expediente, revistam um em cada cinco de seus funcionários. Por esse motivo, não podemos parar somente pessoas que parecem suspeitas. Abordamos gente de todos os tipos", afirmou Cícero, que não deu o nome completo.
No Parque D. Pedro, largo do Arouche e na rua João Guimarães Rosa, entre a Augusta e a Consolação, na zona central, os policiais abordaram carros velhos. No Cambuci, os carros eram parados sem distinção.

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