São Paulo, sábado, 20 de setembro de 1997
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Blitz pára todo mundo

DA REPORTAGEM LOCAL

As blitze da PM na Operação Metrópole foram mais "cordiais" que as feitas durante o Tolerância Zero, no primeiro semestre.
Os policiais não apontavam, por exemplo, as armas para os "suspeitos" e, na maioria das vezes, mantinham as mãos para trás.
Os policiais mandavam o motorista parar o carro e descer do veículo. Primeiro, os ocupantes eram revistados pessoalmente.
Depois, os documentos da pessoa e do veículo eram checados. Em seguida, o carro era revistado minuciosamente.
Se o motorista estava sem a carteira de habilitação, a pessoa não era levada para a delegacia automaticamente. A placa do carro era anotada e as informações sobre o motorista, checadas.
Em cada grupo, havia em torno de 10 a 15 policiais. Entre eles, policiais femininas e o policiamento de trânsito.
"Achei a abordagem calma. Já fui parado outras vezes e essa é a primeira em que os policiais não foram agressivos", disse Marco Antônio Constâncio, 30, que teve sua camionete F-1000 parada e multada por irregularidades no espelho retrovisor esquerdo.
"Mas sou negro e posso dizer com certeza que uma pessoa de cor é vista como mais suspeita nesse tipo de operação", disse.
Apesar da sugestão de racismo por parte de Constâncio, não foi o que aconteceu, por exemplo, na blitz feita pela PM no largo de Santa Cecília. Das 15h30 às 17h, 40 pessoas foram abordadas, 31 eram brancas e 9 eram negras.
Segundo o tenente Cícero, que atuava na blitz em Santa Cecília, o objetivo da operação é detectar todos os tipos de irregularidades.
"O procedimento é o mesmo de algumas fábricas que, no final do expediente, revistam um em cada cinco de seus funcionários. Por esse motivo, não podemos parar somente pessoas que parecem suspeitas. Abordamos gente de todos os tipos", explica Cícero, que não deu o nome completo.
No período em que a Folha esteve na blitz em Santa Cecília, 77% das pessoas abordadas eram brancas e as demais, negras.
No Parque D. Pedro, Largo do Arouche e na rua João Guimarães Rosa, entre a Augusta e a Consolação, na zona central, ocorreu o mesmo. Somente no Cambuci, os carros eram parados sem distinção.
Segundo o capitão José Marcelino Teodoro Neto, comandante da 3ª Companhia do 11º Batalhão, cada companhia deveria montar, no mínimo, duas blitze em sua área de atuação.

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