São Paulo, sábado, 20 de setembro de 1997
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Ministro demite diretoria dos Correios

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro das Comunicações, Sérgio Motta, demitiu ontem toda a diretoria da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos).
A Folha apurou que a greve de funcionários da empresa, que já dura 14 dias úteis e culminou com o bloqueio da rua onde o ministro mora em São Paulo, foi a gota d'água para a demissão. A assessoria de imprensa do ministério nega essa informação.
Foram demitidos o presidente da estatal, Amilcar Gazaniga (substituído por Renzo Dino Rossa), o vice-presidente e mais cinco diretores. Os nomes dos substitutos foram divulgados à noite pela Presidência da República.
A assessoria de imprensa disse que a atual direção não se adaptou "ao novo perfil competitivo da empresa".
O governo estuda a possibilidade de privatizar a ECT.
O presidente dos Correios, Almicar Gazaniga, foi indicado pelo PPB, partido de Paulo Maluf.
A nomeação de Gazaniga fez parte da negociação política entre o PPB e o governo para o apoio do partido às reformas no Congresso.
O ministro vinha reclamando há meses do desempenho da diretoria. Motta afirmou que a ECT era a única estatal do seu ministério que tinha problemas.
A Folha procurou Gazaniga ontem, mas a sua assessoria disse que ele não queria dar entrevista.
A demissão dos diretores da ECT não abalou os principais líderes do PPB e do PFL, partidos responsáveis pelas indicações para esses cargos.
O presidente nacional do PPB, senador Esperidião Amin (SC), disse que "os cargos são do presidente".
"Se o governo quer modificar a diretoria dos Correios para buscar uma posição de unidade na nova diretoria, tudo bem. O partido fez indicações, mas os cargos estão à disposição do governo", disse.
O senador afirmou que o PPB não apóia o governo pelo fato de ter feito indicações para cargos federais. Ele manifestou solidariedade pessoal a Cazaniga.
O líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), também considerou normal a demissão do diretor administrativo, Nelson Morro, indicado pelo partido.
Inocêncio afirmou que essa nomeação ocorreu por causa das "ligações do Nelson com o presidente durante a campanha".
O líder disse que foi avisado da demissão pelo próprio diretor. "Ele me disse que o Renato Guerreiro (secretário-executivo do Ministério das Comunicações) pediu que todos os diretores apresentassem o pedido de demissão", relatou o líder.
"Eu disse que ele deveria apresentar a sua demissão. Afinal, o cargo é do presidente. Foi uma indicação dele (do presidente Fernando Henrique Cardoso)", acrescentou Inocêncio.
Além do presidente, foram exonerados o vice Egydio Bianchi e os diretores Alexis Stenpanenko, Jorge Fagali Neto, Nelson Morro, José Luiz Valentini e Júlio Vicente Lopes.
Foram nomeados para as vagas Carlos Augusto Lima Sena, Gelson da Silva Mello, José Roberto Generoso, Roberval Borges Corrêa, Ara Apkar Minassian e Alceu Rech.

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