São Paulo, sábado, 20 de setembro de 1997
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Novo Politburo consagra 'czar das reformas'

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O principal estrategista econômico da China, Zhu Rongji, foi promovido ontem ao terceiro cargo mais importante do máximo órgão dirigente do país, o Politburo do Partido Comunista Chinês.
A indicação faz de Zhu o provável sucessor de Li Peng no cargo de primeiro-ministro. Li tem de abandonar seu posto em março de 1998, quando chega ao fim seu segundo mandato.
A nova composição do Politburo, determinada pelo Comitê Central, confirma a liderança do chefe do partido, Jiang Zemin, e reafirma sua política de reformas pró-capitalistas. Jiang foi reeleito secretário-geral do PC.
"O 15º Congresso do partido completou seu cronograma e chegou ao fim com sucesso", disse Jiang. O congresso, realizado a cada cinco anos, terminou anteontem e escolheu o Comitê Central.
O novo perfil do Politburo, composto por sete membros, reflete o compromisso de Jiang de levar adiante as reformas pró-capitalistas lançadas em 1978 por seu mentor, Deng Xiaoping, morto em fevereiro.
Foram escolhidos pela primeira vez Wei Jiangxing, 61, e Li Lanqing, 65, ocupando os dois postos mais baixos do órgão.
Entre os que continuaram a compor o Politburo estão Li Peng, Li Ruihuan e Hu Jintao.
Li Peng continua sendo o número dois, logo atrás de Jiang. Hu Jintao, 54, o mais novo membro do órgão, passou de sétimo para quinto na hierarquia do Politburo. Li Ruihuan, chefe da Conferência Consultiva Política da Povo Chinês, caiu de terceiro para quarto.
Repercussão
O presidente de Cuba, Fidel Castro, felicitou Jiang por sua reeleição como líder do Partido Comunista Chinês.
"Neste momento, o Partido Comunista de Cuba quer reiterar seu desejo de manter as atuais relações de amizade e cooperação entre os dois partidos e os dois países", disse Fidel, em comunicado divulgado pela agência de notícias chinesa "Xinhua".
O presidente de Taiwan, Lee Teng-hui, reconheceu o fortalecimento de Jiang ao final do congresso do PCC, mas afirmou que isso não significava uma aproximação entre os dois países.
Taiwan abriga os nacionalistas chineses, derrotados na guerra civil vencida pelos comunistas em 1949. O regime comunista da China continental não reconhece a soberania de Taiwan e encara a ilha como uma região rebelde.
"Negociações serão impossíveis até que os comunistas parem de pressionar a República da China (Taiwan)", disse Lee.
Dissidente
Enquanto a marcha no sentido das reformas econômicas sai fortalecida do 15º congresso do partido, o regime comunista chinês parece longe de realizar reformas no campo político.
Ontem, uma amiga do dissidente político Bao Ge, que não quis ser identificada, disse que seu colega foi espancado pela polícia de Xangai (oeste da China) anteontem.
A amiga disse que Bao foi detido por quatro horas e depois liberado. Ela não informou as condições em que estava o dissidente.
Também anteontem, a mãe de Bao, Wang Liufang, foi detida por duas horas pela polícia, disse a amiga do dissidente. O motivo da detenção teria sido uma carta escrita por Wang Liufang ao presidente Jiang Zemin pedindo proteção contra os policiais da cidade. Os agentes de segurança estariam perseguindo a família de Bao.
Segundo a carta, Bao Ge não consegue emprego desde que foi libertado, em junho, do campo de trabalhos forçados em que esteve detido por três anos.

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