São Paulo, sábado, 20 de setembro de 1997
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AIDS: BOAS NOVAS PARA QUEM?

Há dois anos, as notícias sobre a Aids deixaram de ser quase sistematicamente ruins. O forte investimento em pesquisa e um certo sucesso nas campanhas de profilaxia contribuíram para as boas novas. Mas as novidades são boas para quem?
Os EUA registraram a primeira redução no número de novos casos da doença. A epidemia perde velocidade, mas num país muito rico, um dos que mais investem em educação e pesquisas, como a do coquetel anti-HIV. Contudo, essas drogas, além de caras e de sucesso ainda relativo, podem colaborar para criar vírus mais potentes se sua administração não for acompanhada por profissionais competentes, problemas que as impedem de se transformar numa solução universal para a doença.
Ademais, cerca de 90% dos hoje infectados vivem no sul e sudeste asiáticos, na África e na América Latina. Mesmo nos EUA, as notícias não são tão boas para negros e hispânicos.
Entre as mulheres, a epidemia se expande. No Brasil, por exemplo, o número de mulheres infectadas por homens representava 3% do total de casos entre 1980-1988. Em 1996 essa taxa estava em 30%.
A situação da epidemia no Brasil continua preocupando muito. Dados oficiais indicam uma estabilização do número de novos casos. No entanto, a subnotificação da doença ainda é um problema. Além disso, o perfil social do país faz com que não seja remota uma expansão "africana" da Aids em certos setores, risco agravado pela descontinuidade das campanhas profiláticas, ainda o melhor remédio para a epidemia.
Enfim, o que se pode dizer sobre a situação atual da Aids é que há boas notícias, sim. Mas é preciso que mais pessoas a recebam.

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