São Paulo, sábado, 20 de setembro de 1997
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El niño e los viejos

LUIZ CAVERSAN

Rio de Janeiro - Como já foi dito, Ciro Gomes é "el niño" (o garoto) da atual temporada política.
Tal apelido diz respeito a sua pouca idade e também ao fenômeno meteorológico do mesmo nome, que provoca mudanças de temperatura e alterações no tempo em todo o mundo.
O nosso "niño" tem causado turbulências, nuvens carregadas e altas temperaturas nas mais diversas latitudes da política nacional.
Mas, para compensar sua intensa movimentação, temos a presença de dois antigos fenômenos: Leonel Brizola e Miguel Arraes, que aqui serão carinhosamente denominados de "los viejos", os velhos.
Não apenas pelas idades provectas, mas também e principalmente pelo velho estilo de atuar.
Não que se aceite inteiramente Gomes enquanto tentativa de candidato; ainda há muito o que esclarecer quanto a suas verdadeiras intenções e ao caráter das alianças a que se propõe.
Justamente nesse processo de "limpeza da área" que vai definir o panorama para a eleição de 98 é que se esperava um pouco mais de "los viejos".
Suas declarações recentes têm servido mais para confundir que para desanuviar as idéias.
Afinal, Brizola quer mesmo ser parceiro de Lula numa chapa de oposição ou não? Se quer, por que imediatamente depois de assumir isso lança ele também o nome de Gomes como o agregador das oposições?
E Arraes, quer ou não quer Ciro Gomes em seu partido? Claro que se o ex-ministro deixar o PSDB pelo PSB será para ser candidato. Dizer, como fez Arraes, que ele pode entrar para o PSB, mas que a candidatura é outra conversa apenas tumultua.
Como sempre, falta clareza e objetividade aos personagens da cena política, o que só complica um processo que tende a ser longo e espinhoso.
*
Exemplo de objetividade deu Sérgio Motta, que deixou de lado a hipocrisia e mandou ver: grevistas que se manifestam na rua são bêbados e cafajestes. É isso aí, ministro, não deixe dúvidas de que em matéria de autoritarismo quem manda é o senhor mesmo.

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