São Paulo, sábado, 20 de setembro de 1997
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Encontro do papa com as famílias

LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

Daqui a poucos dias realiza-se no Rio de Janeiro o 2º Encontro Mundial do Papa com as Famílias (2 a 5 de outubro), com três momentos: o Congresso Teológico e Pastoral para delegados dos continentes (1º a 3/10); a Festa-Testemunho das famílias com o papa João Paulo 2º no estádio do Maracanã (4/10) e a celebração eucarística campal no aterro do Flamengo (5/10).
Seja bem-vindo entre nós o santo padre, a quem desejamos acolher, com carinho e veneração, como apóstolo de Jesus Cristo escolhido para zelar pela união da igreja e dinamizar a missão de anunciar ao mundo a salvação. Reconhecemos no papa João Paulo 2º o incansável arauto da concórdia e da paz entre os povos. Vem ao Brasil para valorizar o encontro sobre a "Família, dom e compromisso, esperança da humanidade".
A) A família é um dom dos maiores que recebemos de Deus. Não é somente uma realidade cultural que pertence à história dos povos. É uma instituição natural criada por Deus. Jesus Cristo ilumina-nos sobre o sentido da família. Somos criados à imagem e semelhança de Deus, cuja vida é comunhão profunda entre as pessoas divinas. O ser humano não existe apenas para alimentar-se, crescer e ocupar espaço e tempo sobre a terra. É feito para "con-viver", partilhar a vida com os outros, viver em comunidade. Amadurecer no relacionamento fraterno e entrar em comunhão com o próprio Deus, não só nesta vida, mas por toda a eternidade. No projeto divino, a família é destinada a ser a "comunidade de pessoas unidas no amor", sacramento, cujo núcleo é a união amorosa e fiel entre o homem e a mulher, caminho de aperfeiçoamento recíproco e fonte de vida.
B) A família é, também, um compromisso. A comunhão de vida não se realiza por encanto. É necessária a colaboração de cada um, para superar o egoísmo, abrir-se ao outro na doação conjugal e familiar. Requer-se, ainda, a cooperação da sociedade para que se criem condições adequadas à vida em família. A igreja sente-se convocada a oferecer seu serviço à família para que possa alcançar, dia a dia, o ideal de união revelado por Deus.
O compromisso inclui, em primeiro lugar, a preparação dos jovens ao matrimônio, a fim de que possam assumir, com amor e fidelidade, a doação conjugal e a missão de transmitir a vida. Abre-se, ainda, o empenho constante da comunidade pela pastoral familiar e a contribuição para que nossas leis promovam e defendam a família e a vida.
c) Diante do desafio das situações penosas pelas quais tantas pessoas passam e da descrença dos que não acreditam na capacidade da doação profunda e permanente, de amor que perdoa e se reconcilia, é preciso alimentar a confiança no auxílio de Deus, na oração e no exemplo de tantas famílias que, apesar das dificuldades, crescem na comunhão, fortalecem em outros lares a esperança de realizar o mesmo ideal.
Se em nossos dias são frequentes as agressões à família e à vida, é também confortador, incentivados pela palavra e presença do santo padre, podermos nos unir para abrir o coração ao Evangelho de Jesus Cristo, que sempre nos ensina a força do amor, capaz de sacrifício, diálogo e coragem.
O encontro com o papa, sob a proteção de Maria, Mãe de Deus e nossa, seja para todos nós um encontro com a própria família e a ocasião de sentirmos a alegria de sermos todos irmãos à luz de Deus.

D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.

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