São Paulo, terça-feira, 23 de setembro de 1997
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Ministro afirma que vai trocar diretorias das 27 teles em 1998

Motta diz que não serão usados critérios políticos

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro das Comunicações, Sérgio Motta, disse ontem que vai mudar no ano que vem as diretorias das 27 subsidiárias estaduais da Telebrás, as chamadas teles.
Motta afirmou que não serão usados critérios políticos na escolha dos novos diretores. "Temos que nos desligar das gestões políticas para atingir os nossos objetivos", disse.
Segundo o ministro, essas mudanças fazem parte da estratégia do ministério para a privatização das teles. "Não podemos brincar com um negócio que vai render bilhões de dólares ao país", disse.
No governo de Fernando Henrique Cardoso, parte dos cargos de direção das telefônicas estaduais foi preenchida a partir de negociações políticas com partidos aliados, como PSDB, PTB e PFL.
Em abril, por exemplo, o ex-governador do Paraná Álvaro Dias, do PSDB, foi nomeado presidente da Telepar.
Dias coordenou a mobilização da bancada de seu Estado em favor da emenda que permitiu a reeleição dos atuais governantes, apoiada pelo Palácio do Planalto.
Ainda neste ano, um afilhado político do senador Romeu Tuma (PFL-SP), Francisco Gialluisi Netto, ganhou o cargo de diretor de Operações da Telesp.
Privatização
O governo iniciou neste ano o processo de privatização do setor de telecomunicações, considerado o "filé mignon" da atual fase do programa de venda de estatais.
A Telebrás é avaliada em R$ 100 bilhões a partir do valor de suas ações nas Bolsas de Valores, segundo dados do Ministério das Comunicações. Desse total, o governo tem R$ 30 bilhões, sempre de acordo com dados fornecidos pelo ministério.
A privatização do setor começou pela fatia da telefonia celular denominada banda B. Espera-se arrecadar pelo menos R$ 6 bilhões com a venda de concessões para explorar as dez áreas em que o país foi dividido para a licitação.
O ministro confirmou ontem que a banda A (parte estatal da telefonia celular) será separada da telefonia fixa (comum) para ser vendida.
Segundo Motta, a privatização da banda A, da telefonia fixa e "talvez" da Embratel será realizada simultaneamente, por meio de envelopes fechados. A venda deverá ser feita a partir de julho de 1998.
As normas para a privatização da Telebrás também podem mudar. Motta disse que está "avaliando" uma nova alternativa para a venda das teles, visando a valorização das empresas.
A nova fórmula é a seguinte: se a diferença entre os dois primeiros colocados for de até 10%, será realizado um leilão.
O preço mínimo do leilão será o valor apresentado pelo primeiro colocado. Nessa segunda etapa, todos os concorrentes vão poder participar do leilão.

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