São Paulo, terça-feira, 23 de setembro de 1997
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Universal recorrerá contra incentivo em viagem do papa

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A Igreja Universal do Reino de Deus decidiu propor uma ação para pedir o ressarcimento aos cofres públicos de supostos prejuízos decorrentes da visita do papa João Paulo 2º ao Brasil.
O processo será iniciado logo depois do dia 5 de outubro, data em que o papa deixa o país. A informação foi dada à Folha pelo bispo Carlos Rodrigues, coordenador político da igreja.
Os prejuízos que a Universal acredita existirem decorrem de benefícios fiscais concedidos a empresas que estão financiando eventos relacionados à visita.
O Ministério da Cultura aprovou três projetos com base na Lei Rouanet. A doação de recursos para qualquer um deles permite deduções do Imposto de Renda.
É o valor dessas deduções que a Universal pretende que seja devolvido ao governo. Segundo Rodrigues, a igreja não tem ainda um cálculo do suposto prejuízo.
A Folha noticiou que, depois da aprovação dos projetos pelo Ministério da Cultura, grupos do Rio e de São Paulo começaram a procurar empresários interessados em financiar a visita do papa e obter benefícios da Lei Rouanet.
Esses grupos estimavam os custos da visita em R$ 8 milhões.
Isonomia
A Universal avalia que pode ser beneficiada por qualquer decisão a ser tomada no processo. Se ganhar, reforçará o seu discurso contra supostos favorecimentos à Igreja Católica.
Se perder, afirma que estará sendo criada uma jurisprudência segundo a qual qualquer grupo religioso poderá solicitar o mesmo benefício fiscal dado a projetos relacionados à visita do papa.
"Queremos isonomia e igualdade de tratamento", disse Rodrigues. De acordo com o bispo, os detalhes da ação serão discutidos pelos parlamentares ligados à igreja logo depois da visita do papa.
Rodrigues afirmou que a igreja planejava realizar atos durante a passagem de João Paulo 2º no Brasil, mas a idéia foi descartada em reunião do seu Conselho de Bispos. "Poderia parecer provocação." O único ato da Universal será realizado no dia 5, em Belo Horizonte. Segundo Rodrigues, o encontro não tem qualquer relação com a visita do papa.

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