São Paulo, terça-feira, 23 de setembro de 1997
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HC não tem estrutura para testar sarampo

LUCIA MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

O Hospital das Clínicas de São Paulo não tem estrutura para começar a analisar imediatamente as amostras de sangue de pessoas com suspeitas de sarampo e, com isso, eliminar o atraso na contagem de contaminados no Estado.
O superintendente do HC, Alberto Kanamura, afirma que, por causa disso, não sabe quando as análises começarão a ser realizadas. O motivo é que, para isso, é necessário comprar reagentes (para fazer as análises).
"Não sei quanto tempo vai levar. Principalmente porque o HC não tem recurso no seu orçamento para fazer essa compra e os reagentes não são baratos", disse.
Na última quinta-feira, o secretário da Saúde, José da Silva Guedes, anunciou que o Hospital das Clínicas iria ajudar a fazer as análises em um prazo de dez dias.
Esse trabalho ajudaria a acabar com o atraso na confirmação e contagem dos casos, que estaria causando uma defasagem entre o número real de casos e o divulgado pela secretaria.
Conforme a Folha noticiou na última quinta-feira, o total de casos em todo o Estado pode chegar a 14 mil. Hoje, são confirmados 6.173 casos pelo Instituto Adolfo Lutz (a secretaria confirma apenas 4.064). Há, no entanto, cerca de 16 mil amostras paradas no Adolfo Lutz esperando análise.
Como, segundo avaliação dos médicos, cerca de 50% das suspeitas dão resultados positivos, a soma dos 6.173 mais a metade dos 16 mil chegaria aos 14 mil casos.
O superintendente do HC afirma que o problema da verba para comprar os reagentes já está sendo discutido. "Conversamos com a secretaria sobre esse problema, e acho que amanhã (hoje) devemos ter alguma resposta", diz.
Mesmo resolvendo o problema do dinheiro, há ainda a demora para conseguir os reagentes, que são importados, como lembra Alberto Kanamura.
Multa em Bauru
A Secretaria da Saúde de Bauru (345 km de SP) quer multar quem se recusar a receber a vacina contra o surto de sarampo. A multa vai sair por R$ 1.350.
A pessoa que se recusar a tomar a vacina terá que assinar um termo de compromisso e só será aplicada a multa no caso de essa pessoa transmitir a doença para outra.
Segundo o diretor do Departamento de Saúde Coletiva de Bauru, Pedro Luiz Pereira, a lei federal que possibilita a cobrança de multa nesse tipo de situação existe desde 1975.
"A Prefeitura de Bauru tem seu Código Sanitário baseado nessa lei. A multa é uma maneira legítima de conter a doença". A cidade tem cinco casos de sarampo.

Colaborou a Agência Folha, em Bauru

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