São Paulo, terça-feira, 23 de setembro de 1997
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'Para o 190, nunca mais', diz comerciante

MARCELO OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

"Não ligo nunca mais para o 190 (telefone para chamadas de emergência da Polícia Militar). Para mim, está descartado. Infelizmente, não funciona."
A frase é da comerciante Maria Tânia Machado Lopes, dona de uma farmácia no Jardim Sarah (zona sudoeste de São Paulo) assaltada cinco vezes nos últimos dois anos, quatro delas em um só mês. Nenhum dos casos foi resolvido.
Foi no Jardim Sarah que foram assassinados no domingo Gilmar da Silva Barauna, 22, e Valdir Santana da Silva, 30, após uma discussão em uma pizzaria.
O duplo homicídio foi o caso mais violento do último final de semana na área do 51º DP (Butantã), que registrou três dos nove homicídios registrados na 3ª Seccional de São Paulo (Oeste).
As nove mortes levaram a Seccional Oeste a liderar, pela segunda vez consecutiva, a estatística de homicídios registrados nos finais de semana.
No final de semana anterior, a região da 3ª seccional, que comporta 14 distritos, registrou 16 homicídios.
A farmácia de Tânia não é o único ponto onde ocorrem crimes no Jardim Sarah. Na padaria que fica ao lado da farmácia, na esquina da rua Benedito Lima -onde os dois rapazes foram mortos no domingo- o gerente José Estevão, 23, que trabalha há cinco meses no local, já presenciou quatro assaltos.
Num deles, Estevão viu o perigo de perto. "Um dos bandidos, um rapaz novo, colocou a arma na minha cabeça. Entreguei tudo na hora", conta.
Em nenhuma das quatro vezes o gerente foi ao 51º DP olhar o álbum de suspeitos. "Não vale a pena. Os roubos acontecem por volta das 22h, quando a padaria já está fechando. Se eu for à delegacia, tomo uma canseira e só saio de lá às 3h ou 4h."
Tânia e Estevão são taxativos. Policiamento no bairro só aparece quando os moradores chamam e dificilmente a PM faz rondas no bairro. A dona da farmácia diz que já tentou vender o ponto. "Não consegui comprador", diz.
Um motorista da Viação Bristol, cuja linha faz ponto final no Jardim Sarah, conta que assaltos a motoristas são comuns na área.

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